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Jornal GGN - O interino Michel Temer (PMDB) quer antecipar o
impeachment por medo de ser prejudicado pela operação Lava Jato, avalia o
senador Lindbergh Farias (PT). Após os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros
(PMDB) confirmarem que o calendário do julgamento de Dilma Rousseff será
encurtado, Lindbergh reagiu afirmando que estão cerceando a defesa da
presidente eleita. Antes, quando a decisão estava prevista para sair em
setembro, Dilma tinha direito a 32 testemunhas. Agora, com a pressão de Temer,
caiu para apenas cinco.
"Temer teve um ataque, começou a reunir senadores. Jucá
fez pronunciamento querendo antecipar em uma semana [anteontem], querendo
ultrapassar prazos legais. Querem cortar testemunhas - nós tinhamos direito a
32, agora querem cinco testemunhas apenas. Acho que [o presidente do Supremo,
Ricardo] Lewandowski não pode recuar pressionado por PMDB ou Temer, um
presidente golpista", disparou o Lindbergh.
"Os senadores agora são juízes. Não é possível se
reunir com a parte interessada" para definri o destino de Dilma,
acrescentou.
Para o senador, "Temer está com medo das delações [da
Lava Jato]. Tem muita delação que pode respingar nele. Todo mundo fala que a
delação de Lúcio Funaro, que é muito ligado a Eduardo Cunha, pode pegar
Temer." Além disso, "Cunha já ameaçou: se for cassado e for preso [na
Lava Jato], vai abrir a boca."
A informação só consta em notinhas de rodapé nos principais
jornais desta quarta (3), mas aliados de Temer não querem que Cunha seja
cassado no plenário da Câmara antes de o impeachment ser consolidado. Isso
porque o deputado pode "retaliar o governo" e entregar tudo o que
sabe sobre esquemas do PMDB que envolvem Temer. Reportagem da CartaCapital
mostrou, há alguns dias, que no último encontro de Temer e Cunha no Jaburu, o
interino desconfiou que estava sendo gravado.
"Nós vamos resistir. Defender Dilma até o final. Ir até
as últimas consequências. Vamos usar a arma do regimento. Temos direito a 32
testemunhas, não a cinco", prometeu Lindbergh,
O presidente do Senado, Renan Calheiros, mudou de ideia
sobre o calendário do impeachment após se reunir com Temer ontem. Segundo
informações do jornalista Kennedy Alencar, ficou acertado que Renan terá
influência no Ministério do Turismo. Há algumas semanas, ele indicou o deputado
federal Marx Beltrão para a pasta. Mas Beltrão, apadrinhado do PMDB de Alagoas,
responde a processo no Supremo Tribunal Federal por peculato. "Se ele for
absolvido, vira ministro. Se for condenado, outro nome será escolhido por
Renan", escreveu Kennedy.
Temer decidiu investir para acelerar o julgamento de Dilma
num churrasco oferecido por Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral, a
pecuaristas e senadores aliados do governo.
O advogado da presidente Dilma, José Eduardo Cardozo, reagiu
à decisão de Renan. ""É absurdo o governo estar fazendo pressão para
encurtar o processo. O que a defesa quer é apenas exercer seu direito de
defesa."
Calendário do impeachment:
3/8 - integrantes da comissão do impeachment debatem o
relatório de Anastasia, que apontou a existência de crime de Dilma com as
pedaladas, apesar de o Ministério Público Federal dizer o contrário.
4/8 - votação do parecer pelos 21 membros da comissão
especial
5/8 - leitura do parecer no plenário do senado
9/8 - votação do parecer no plenário para decidir se Dilma
deve ir a julgamento. É necessário maioria simples (41 votos)
Fase de pronuncia de Dilma, quando a presidente deve ir ao
Senado se defender
25/8 ou 26/8 - Data provável para o início do julgamento,
que poderá durar cinco dias. Sessões serão presidida por Lewandowski
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