domingo, 28 de maio de 2017

Artigo de Jader Barbalho: Feira do Livro



A Feira do Livro é uma fórmula de sucesso e talvez seja o evento da iniciativa pública que reúne o maior número de pessoas para conversar e interagir com o mundo.

Lembro-me bem da noite da abertura da I Feira do Livro, na Praça do Povo, no Centur, da qual participaram o escritor Márcio Souza e o ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, Rubens Ricúpero. O secretário de Cultura da época era o saudoso e talentoso Guilherme de La Penha. Agora eu assisto a mais uma edição do evento com projeção de 400 mil visitantes. Vejo com orgulho um pensamento inicial, meu e de Guilherme de La Penha, prosseguir até hoje, desde 1993, com o mesmo sentido de reunir a juventude, tanto a menos quanto a mais favorecida, num local dedicado à leitura e à educação.

O Prédio do Centur é uma das minhas obras prediletas porque, à época do meu primeiro governo, o povo paraense reivindicava um espaço de convergência cultural no qual a música, a poesia, o folclore popular, a cultura pudessem estar juntas e à vista de todos. Assim inauguramos a Biblioteca Pública, antes alojada de forma discreta num prédio charmoso, mas pequeno, no centro da cidade. Também até hoje a biblioteca pública recebe milhares de pessoas por dia. O prédio do Centur abriga cinema, teatro, centro de convenções, fonoteca e espaços para livre manifestação. Por incrível que pareça, em plena era da informática, da internet, da mídia digital, os estudantes, intelectuais, historiadores e professores ainda frequentam assiduamente o prédio que se tornou um marco cultural do Pará. O Projeto Preamar que trazia a explosão cultural do interior para a capital, o projeto Relendo o Pará, que editou obras dos escritores paraenses e que, em 1994, recebeu o prêmio Jabuti de Produção Editorial com as Obras Completas de Bruno de Menezes e tantos outros projetos aconteceram por lá.

Hoje, a Feira do Livro está no Hangar. Hoje o papel envelheceu e sua utilização é discutida no mundo em função da proteção do meio ambiente ou mesmo na redução possível nos custos dos impressos. A expressão literária da forma que conhecemos, impressa, pode estar prestes a desaparecer. Ou talvez não, porque nada substitui o prazer de se ler um bom livro, de ir da primeira à última página, até a última palavra. O livro é como a música ou o filme. Nos deixa marcas tatuadas na memória. Eu sou um grande leitor, leio diariamente e em qualquer lugar para onde eu viaje sempre encontro um tempo de passar nas livrarias e comprar um grande livro. Então, eu festejo mais uma Feira do Livro e parabenizo os escritores participantes desse evento educativo, público que coloca Belém entre as capitais brasileiras com programas de estímulo à leitura e à educação.

Jader Barbalho

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