​Em meio ao turbulento momento político do Brasil nas últimas semanas, o nome do técnico da seleção brasileira, Tite, surgiu em memes na internet como o "único homem capaz de salvar o país". Engana-se quem pensa que o treinador tem alguma aspiração política. Em entrevista ao "El País", Tite garantiu que não pensa em passar a trabalhar no campo político.

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"Eu levo essa história como uma brincadeira e uma demonstração de que os brasileiros estão felizes com a seleção brasileira. Não só com o resultado, mas com o jeito que a equipe está jogando. Eu interpreto dessa forma. Como ser humano, eu torço para que a sociedade consiga caminhar para ter mais igualdade social e para que todos os responsáveis por crimes de corrupção sejam punidos. Impunidade é algo que me machuca. Eu vibro muito quando o Ministério Público e a Polícia Federal cumprem seu papel e não se deixam pressionar por interesses políticos. Isso sem contar a imprensa, que nunca foi tão importante para ajudar a esclarecer os fatos. Apoio todos os procedimentos que trazem a verdade à tona", que completou:

"Qualquer pessoa que me conheça minimamente não vai chegar perto de mim para propor filiação ou qualquer outro envolvimento com partidos nesse momento. Eu sou uma pessoa que se preocupa com o que se passa além do futebol. Quero fazer alguma coisa positiva através do meu exemplo. Mas não tenho ambição política nem pretendo me candidatar a nada. Não é o que eu busco. E também não tenho nenhuma vocação para a política".


Brazil v Colombia - Friendly Match In Memory of Associacao Chapecoense de Futebol


Com diferentes correntes políticas no Brasil ganhando força, uma delas chama a atenção: o pedido por intervenção militar e o consequente retorno da ditadura. Tite revelou conversa com seu filho sobre o período em que os militares comandaram o país e disse que a ditadura não é a solução para os problemas do Brasil.

"Esses dias eu estava conversando com meu filho. Ele não pegou a época da ditadura. A gente assistia a um programa na televisão e um analista político pontuou que muitas pessoas, descrentes com a política, passaram a aventar situações do passado como solução à crise, tipo o regime militar. E aí meu filho me fez uma pergunta: “Pai, como é que era a ditadura?”. Mostrei pra ele o quanto eu fico chateado de ver pessoas na rua cogitando a possibilidade de que uma ditadura possa solucionar algo. O que teve de gente morta, de incapacidade de dar opiniões, de cerceamento à liberdade de imprensa, de corrupção que não era investigada naquele período… Definitivamente, não é esse o caminho. Ditadura não é solução. O caminho passa por uma depuração natural, como também acontece no esporte. É preciso lutar para que o sistema democrático se aprimore e para que os escândalos de corrupção sejam esclarecidos. Tenho certeza que novas lideranças políticas surgirão no Brasil".