Jornal GGN - A comissão do Senado aprovou, nesta
terça-feira (13), os nomes dos dois indicados pelo governo Michel Temer:
Alexandre Barreto e Maurício Bandeira Maia a assumirem,
respectivamente, a Presidência e o colegiado do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade). A troca nos postos do Cade foi tema de
conversa grampeada entre o empresário Joesley Batista e o presidente
Michel Temer.
O grupo econômico J&F tinha interesse em uma disputa entre a
Petrobras e uma termelétrica do grupo que tramita no Cade. Pela
negociação com Temer, por meio de seu assessor e deputado afastado
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o empresário acertou o pagamento de
propina de 5% ao mandatário sobre o lucro da Operação da Usina EPE em
Cuiabá, durante aproximadamente 20 anos. O acordo renderia a Temer cerca
de R$ 50 milhões.
A propina, segundo o delator Joesley Batista, era a contrapartida
para o governo autorizar e auxiliar na pressão sobre o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica para "afastar o monopólio da
Petrobras do fornecimento de gás para termoelétrica do Grupo J&F".
Loures chegou a telefonar para o então presidente interino do Cade,
Gilvandro Araújo, diante de Joesley, pedindo a intervenção.
O empresário dono da JBS então "prometeu, caso a liminar fosse
concedida, 'abrir planilha', creditando em favor de Temer 5% desse
lucro" e "Rodrigo [Rocha Loures] aceitou", disse Joesley Batista no
acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República. Loures disse a
Batista que a proposta do pagamento seria levado ao "presidente", no
caso Temer.
Na conversa que teve com o próprio mandatário, em março deste ano,
Joesley mencionava a intenção de intervir no Cade. Perguntou a Temer, no
Palácio do Jaburu, se a presidência do Conselho já havia sido alterada e
obteve do presidente da República a resposta afirmativa.
Um mês após essa conversa, Temer oficializou as indicações de
Barreto e Maia ao Cade, que nesta terça-feira foram aprovadas por
comissão do Senado. Os indicados possuem formação e carreira na
administração pública, são servidores com histórico de trabalhos em
governos e no próprio Senado, o que motivou a desconfiança de
parlamentares da oposição, uma vez que seus currículos diferem dos
membros do Cade.
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