quinta-feira, 18 de julho de 2019

Lá na Bahia! Bolsonaro quer paternidade de obra feita sem recursos de seu governo


Via Blog da Cidadania - O governador da Bahia, Rui Costa (PT), e o presidente Jair Bolsonaro (PSL) travam uma disputa de bastidor pela paternidade da obra do novo aeroporto de Vitória da Conquista (518 km de Salvador).

A obra será inaugurada na próxima terça-feira (23), quando avião presidencial com Jair Bolsonaro irá aterrissar na cidade no voo inaugural do aeroporto.

Com um investimento de R$ 106 milhões, sendo R$ 75 milhões do governo federal e R$ 31 milhões do governo do estado, o novo aeroporto tem capacidade para atender até 500 mil passageiros por ano. Foi batizado com o nome do cineasta Glauber Rocha, que nasceu em Vitória da Conquista.

Em uma peça publicitária divulgada nesta quarta-feira (17), o governo da Bahia reivindica a autoria do aeroporto e ironiza, por meio de uma canção do repentista Onildo Barbosa, a profusão de “pais da obra”.

“Quando o filho é bonito, qualquer pai quer assumir / o aeroporto é lindo venha e ver e aplaudir / foi o governo do Estado que deu um duro danado / e conseguiu construir”, canta o repentista.

Nos bastidores, contudo, deputados da oposição ao petista Rui Costa e até mesmo o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), provável candidato ao governo da Bahia em 2022, tentam disputar os louros do novo aeroporto.

Na última quarta-feira (10), ACM Neto reuniu-se em Brasília com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para organizar a participação de Bolsonaro na inauguração do aeroporto. Também participou da reunião o prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão (MDB), que é aliado de ACM Neto.

O próprio governador Rui Costa, por sua vez, disse que convidou o presidente para participar da inauguração pelo fato de ele “representar o ente federal”.  Mas fez questão de destacar que não houve repasses para a obra na gestão do presidente Bolsonaro.

“Mesmo o atual governo não tendo contribuído com um real, porque todo o pagamento foi feito até novembro [de 2018], entendo que o atual governo representa o ente federal. Se tem recurso federal, eu fiz questão de ligar para o ministro e estendi o convite para o presidente da República”, disse Costa nesta quarta-feira (17).

Aliada de Jair Bolsonaro, a deputada federal Dayane Pimentel (PSL) criticou a postura do governador: “Convidou quem pagou pela festa? Imagina só o absurdo e a falta de noção republicana”, afirmou.

O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento, também ironizou o convite do governador ao presidente.

“É a mesma coisa de convidar o aniversariante para o aniversário dele. A festa é do presidente porque foi uma obra financiada majoritariamente com recurso federal”, afirma o deputado.

Ele ainda lembra que R$ 40 milhões para a obra foram garantidos por uma emenda de bandada coordenada pelo então senador ACM Júnior (DEM), que assumiu o mandato no Senado em 2007 após a morte do pai.

O deputado ainda destaca que a obra foi iniciada em 2012, mas teve os recursos contingenciados durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Depois, voltou a ganhar fôlego na gestão Temer.

“Ninguém quer falar o nome dele porque virou quase um palavrão. Mas, para ser justo com a história, se essa obra tem um pai ele é Geddel Vieira Lima. Ele que a apadrinhou e fez com que ela saísse do papel”, afirma Elmar.

Ex-ministro de Temer, Geddel está preso preventivamente desde setembro de 2017 na penitenciária da Papuda, em Brasília. Na época, a Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador ligado ao emedebista.

Da FSP


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