Via site JOTA
Ordem seria: profissionais de saúde e da área social, grupo de risco e, por fim, restante da população
“Quando sai a vacina?”. Eis a pergunta do momento. Atualmente, 200 pesquisas em todo o mundo buscam uma resposta ao questionamento sobre a vacina para a Covid-19. Quando, finalmente, houver uma vacina eficaz, será a vez de uma nova pergunta: “quando vou conseguir tomar a vacina?”. A população global é de mais de sete bilhões de habitantes e não haverá demanda para atender a todos de forma imediata. “Quando tivermos uma vacina, e vamos ter, não vai ser no primeiro ano que vamos conseguir vacinar a todos”, afirma a vice-diretora geral da Organização Mundial da Saúde, Mariângela Simão, que é brasileira. “Não esperamos que essa pandemia acabe em 2021. O novo coronavírus é resiliente e ainda estamos aprendendo sobre ele.”
Ela lembra que em 2009, na pandemia de gripe A, não houve isonomia no acesso à vacina. “Aprendemos algumas coisas de pandemias passadas. A realidade na pandemia de 2009 é que os países ricos tiveram acesso à vacina antes dos países em desenvolvimento”, destaca. Por isso, a OMS propõe uma estrutura de alocação da vacina. “Defendemos que todos os países recebam a vacina ao mesmo tempo, com objetivo principal de reduzir a mortalidade e proteger os sistemas de saúde”.
A divisão das prioridades proposta pela OMS respeitaria os seguintes critérios:
prioridade 1: imunizar os trabalhadores de saúde e da área social, com os países recebendo doses para 3% da população;
prioridade 2: pessoas de alto risco, com os países recebendo doses para imunizar 20% da população;
prioridade 3: países receberem doses para imunizar outras pessoas além dos 20% do grupo de risco já vacinados.
Além da vacina, há foco paralelo na testagem para estabelecer políticas públicas de flexibilização. O desafio principal nesta seara é que há três testes diferentes. O nível de eficácia e os custos variam, por isso, cada situação e timing exige um teste diferente, explicou em webinar do JOTA Rosana Peeling, professora da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Peeling, Mariângela Simão e Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, participaram do webinar do JOTA nesta quarta-feira (29/7) cujo tema foi “O papel do diagnóstico na luta contra a pandemia da Covid-19”.
“O teste molecular analisa o DNA e o RNA e serve para confirmar a infecção. Tem maior eficácia se feito até sete dias depois dos primeiros sintomas. O teste molecular é o que tem o custo mais alto”, afirma.
O teste de antígeno, explica Peeling, analisa a proteína, serve para confirmar a infecção, e tem maior eficácia até o décimo dia depois da infecção. A precisão é menor em relação ao teste molecular. “O teste antígeno pode ser feito nas comunidades, com resultados em 30 minutos. Ele tem um custo mais baixo do que o teste molecular”, complementa.
“Já o teste de sorologia analisa os anticorpos e tem escala, porque é feito com o sangue do dedo das pessoas e tem custo baixo. Serve para o monitoramento da população”, esclarece.
De acordo com Peeling, “é preciso assegurar que o teste certo está sendo feito no paciente certo, no lugar certo e na hora certa”.
A professora destaca que o teste molecular, por exemplo, é o mais indicado para definir se um paciente internado por Covid-19 pode receber alta hospitalar. No entanto, esses testes, pelo custo alto, nem sempre estão disponíveis. Em outra ponta, o teste de sorologia, feito com o sangue retirado da ponta do dedo, tem eficácia menor e serve mais para medir a infecção da população na busca de informações para estabelecer políticas públicas.
O Brasil participa de testes com duas vacinas. Uma é produzida pela empresa farmacêutica chinesa Sinovach Biotech em parceria com Instituto Butantan, em São Paulo. E outra é desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Fiocruz e a AstraZeneca.
Quem também participou do webinar sobre “O papel do diagnóstico na luta contra a pandemia da Covid-19” foi o presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa. Segundo ele, a área de diagnósticos nunca teve tamanha exposição: “É uma oportunidade para explicar, de mostrar o valor do diagnóstico, que um diagnóstico prematuro e preciso vai ajudar no encaminhamento do tratamento correto”.
A CBDL, em conjunto com outras três instituições, criou o Programa de Avaliação de Kits para Coronavírus. “A ideia é reunir uma grande base de dados para dividirmos. O propósito é científico” explica Gouvêa. “Podemos saber o desempenho, como os kits estão evoluindo e dar uma referência ao setor público e privado para fazer as escolhas certas.”
“A pergunta certa, no momento certo, no lugar certo e para a pessoa certa. Essa combinação de ferramentas diferentes é o que vai nos tirar dessa crise. Se você antecipar o que é melhor para ser feito, melhor será para a pessoa e também do ponto de vista de políticas públicas”, resume o presidente executivo da CBDL.
O programa tem a participação de 12 laboratórios de diferentes partes do Brasil (públicos e privados), 25 fornecedores, e mais de 25 testes avaliados. Além da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, fazem parte do programa a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica.
“A testagem é essencial em todos os estágios da pandemia. Diagnósticos efetivos são essenciais para mensurar a propagação das infecções”, ressalta a vice-diretora-geral da OMS, Mariângela Simão
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