Por José Marcos de Lima Araujo
No dia 06 de dezembro de 1988 o latifúndio consegue realizar o assassinato do Deputado João Carlos Batista, crime que ele já tinha tentado 3 outras vezes, em 1985, 86 e 87, sem que o Estado atendesse aos apelos do Batista por segurança.
Após o crime foi realizada uma caminhada, com milhares de pessoas, do instituto médico legal, no Guamá, para o local do velório na Assembleia Legislativa do Pará.
A população seguia pela Av. Magalhães Barata e pretendia parar o cortejo em frente à residência oficial do governador Hélio Gueiros, onde hoje funciona o Parque da Residência, para exigir justiça e punição aos assassinos.
Naquele dia o governador estava recebendo amigos em comemoração pessoal dele e determinou que a polícia militar não permitisse a presença do cortejo, com o corpo do deputado Batista, na frente do palácio.
Sem que a população entendesse o que ocorria, o carro tumba, com o corpo do João, é desviado para dentro da garagem do Hospital dos Servidores, para evitar que seguisse até o palácio do governador, que ficava a pouco mais de 100 metros do hospital.
Com o carro dentro, trancaram o portão de ferro e colocaram pessoal para segurar a multidão, gerando um clima ainda mais pesado no local.
Nessa hora, eu estava chegando do trabalho, no Banco do Brasil, onde se trabalhava de camisa social e gravata, um vestuário diferente da maioria dos populares que manifestavam pela liberação do corpo do João.
Me aproximei do portão e, como não tive nenhuma resistência - devem ter me confundido com alguma autoridade do Estado, entrei na área do hospital.
A seguir me aproximei do carro funerário e vi que a chave estava no contato, e que a porta do carro não estava trancada.
Rapidamente entrei no carro, liguei a ignição e forcei o portão. Sai levando o carro e o corpo do Batista, para seguirmos nossa caminhada.
Na saída vi o Pedro César, irmão do Batista. Chamei ele para entrar no carro comigo e seguimos até o local planejado, o Palácio do Governo.
Em seguida descemos do carro, tranquei a porta e joguei a chave do carro fora.
Depois fiquei sabendo que a Sandra Batista estava, todo o tempo, dentro do carro, junto do corpo do João, sem saber o que estava acontecendo.
A ousadia era uma marca do João e não era possível atender a insensibilidade do governador.
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