segunda-feira, 22 de julho de 2024

Saída de Biden tira Trump de “mundo ideal” e aumenta chance democrata, diz analista

 


Via  InfoMoney por Marcos Mortari

Para Maurício Moura, professor da Universidade George Washington, notícia muda pauta da campanha eleitoral e melhora cenário para democratas também nas eleições legislativas

Marcos Mortari - decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de desistir de disputar a reeleição deve mudar a pauta da campanha eleitoral americana e tende a mexer com as chances do Parido Democrata tanto na disputa pela Casa Branca quanto nos pleitos para a Câmara dos Representantes e o Senado. É o que avalia Maurício Moura, sócio do fundo Gauss Zaftra e professor da Universidade George Washington.

Em entrevista concedida ao InfoMoney logo após Biden anunciar sua saída da disputa pela rede social X (o antigo Twitter), Moura disse que, na perspectiva eleitoral, o movimento melhora as chances dos democratas, independentemente se a vice-presidente Kamala Harris − que já recebeu o endosso público do mandatário − for de fato o nome escolhido pelo Partido Democrata em agosto. Há várias perspectivas. Na eleitoral, melhora para os democratas, porque a eleição deixa de ser sobre as condições de saúde de Biden − o que era uma narrativa muito ruim para eles e que favorecia Trump. Independentemente de quem seja o candidato ou a candidata [democrata], vamos entrar no campo [da narrativa]: ‘você quer Trump de volta ou não?’“, observa o especialista.


“Trump estava vivendo o mundo ideal de qualquer campanha. Estavam falando do adversário, e não dele. (…) Obviamente, quando passa a não se falar só seu adversário, obviamente que você se torna menos favorito”, complementa.  Para ele, o fato de Kamala Harris ter ocupado a vice na chapa de Biden favorece sua escolha entre os democratas. Vale lembrar que, pela legislação eleitoral americana, ela é a única que poderia acessar os recursos de campanha doados à chapa original pelo partido − qualquer outra chapa encabeçada por outro candidato teria que começar a busca por financiamento do zero a menos de quatro meses das eleições.

Moura destaca, por outro lado, fragilidades no nome da vice defendida por Biden como sua sucessora na disputa: a rejeição entre eleitores fundamentais para os democratas e as potenciais dificuldades em conquistar votos nos swing states que decidirão a disputa. “O Partido Democrata tem várias correntes e não necessariamente a Kamala as unifica. Nos últimos dias, em Washington, ouvi, principalmente da executiva do partido, qual seria o processo para a escolha de eventualmente um novo candidato. O que sinto é que, se eles estão debatendo o processo, é porque existe espaço aberto para uma candidatura que não seja a da vice. O que ninguém sabe, e vamos acompanhar nos próximos dias, é o quando o próprio Biden vai interferir nesse processo”, diz.

Para o especialista, os próximos dias serão fundamentais para a definição do nome que representará o Partido Democrata na disputa − o que poderá ficar apenas para a convenção nacional do partido, em agosto, em uma disputa aberta. Independentemente do nome escolhido, o desafio será de manter coesa uma legenda com tantas correntes internas. Uma das estratégias pode estar justamente no adversário na disputa, o ex-presidente Donald Trump.

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