quinta-feira, 7 de novembro de 2024

BC eleva os juros e sabota a economia


Por Altamiro Borges 

Em mais um ato de sabotagem contra a economia brasileira, o Banco Central aprovou nesta quarta-feira (6) uma nova alta da taxa básica de juros. Desta vez, o aumento foi ainda maior, de 0,5 ponto, fazendo com que a Selic atinja o índice obsceno de 11,25% ao ano – o segundo maior do planeta. A desculpa apresentada agora foi o das incertezas resultantes das eleições nos EUA. Balela! A única certeza é que os abutres financeiros saíram novamente ganhando!

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se deu por unanimidade, o que significa que os quatro integrantes nomeados pelo governo Lula – incluindo Gabriel Galípolo, já aprovado pelo Senado para presidir o banco a partir de janeiro de 2025 – se curvaram às pressões do "deus-mercado". Conforme registra a Folha rentista, “a escolha pelo aumento mais agressivo da Selic veio em linha com a expectativa consensual do mercado financeiro”.

A chantagem do "deus-mercado"

“Levantamento feito pela Bloomberg mostra que a alta de 0,5 ponto era a projeção unânime dos economistas consultados. O ciclo de subida de juros teve início na última reunião, em setembro, quando o Copom optou por um movimento mais gradual, de elevação de 0,25 ponto percentual – primeiro aumento feito no terceiro mandato do presidente Lula (PT). Com a segunda alta consecutiva, a Selic se iguala ao nível em que se encontrava em março”.

Além das “incertezas” externas, o Copom reafirmou seu doentio pavor com o crescimento da economia nativa, com a geração de emprego e renda. “O comitê voltou a dizer que o cenário demanda uma política de juros mais contracionista. Isso significa uma atuação que ajude a frear a força da atividade econômica de forma a controlar o avanço da inflação. Como justificativa, citou a resiliência na atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, o hiato do produto positivo (indicação de que a economia está aquecida e operando acima do seu potencial, sujeita a pressões inflacionárias)”, relata a Folha rentista.

Reação tímida da sociedade

A decisão do Banco Central, que ainda segue sob comando do bolsonarista Roberto Campos Neto – o Bob Fields Neto –, foi eminentemente política. Ela visou pressionar o governo Lula a tomar medidas duras de austericídio fiscal. Em seu comunicado, o comitê defendeu cortes nos gastos e chantageou: “Uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária."

A alta absurda da Selic gerou imediata reação de vários setores da sociedade. A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, protestou no X: “Copom mantém a sabotagem à economia e eleva ainda mais os juros estratosféricos. Irresponsabilidade total com um país que precisa e quer continuar crescendo”. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também manifestou sua “indignação”: “Para o setor industrial, a decisão é extremamente conservadora e trará apenas prejuízos à atividade econômica, com reflexos negativos no emprego e renda”.

Mas enquanto não houver maior pressão da sociedade, os abutres financeiros continuarão impondo taxas de juros pornográficas e o Brasil seguirá sendo o paraíso dos banqueiros. Charge: Aroeira

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