Por Douglas Diniz – Repórter Sem Fronteiras (RSF)
Enquanto a cidade de Belém se prepara para sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), um coro de críticas emerge dos povos indígenas, que denunciam a exclusão de suas vozes do espaço oficial do evento e questionam os verdadeiros interesses por trás da cúpula. Para os guardiões da floresta, a COP 30, restrita a credenciados, ignora aqueles que detêm as soluções reais para a crise climática.
A insatisfação dos povos originários é clara: "No espaço oficial da COP, só entra quem é credenciado. Nós, povos indígenas, que cuidamos dos rios, da floresta e do clima, somos a resposta, e somos sempre ignorados nesses eventos" afirmou Auricelia Arapiun em vídeo que circula nas redes sociais. Essa disparidade levanta o debate sobre a efetividade de cúpulas climáticas que marginalizam os conhecimentos e as experiências de quem vive e protege os ecossistemas mais vitais do planeta.
A crítica se estende diretamente à figura do governador do Pará, Helder Barbalho. Segundo Auricelia, o interesse de Barbalho na COP 30 é "negociar nossos territórios, fazer lobby político, negociar crédito de carbono". Essa percepção aponta para uma preocupação com a mercantilização da natureza e a priorização de agendas econômicas sobre a proteção ambiental e os direitos territoriais indígenas.
Diante da percepção de exclusão e da divergência de interesses, os povos indígenas se organizam para um evento paralelo, considerado por eles o seu "verdadeiro espaço": a Cúpula dos Povos, que acontecerá em Belém do Pará, entre os dias 12 e 16 de novembro. O evento busca dar voz às comunidades locais, movimentos sociais e organizações que se sentem alijados das discussões oficiais, propondo soluções e resistências a partir de suas próprias perspectivas e realidades.
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