A HOMENAGEM DO BLOG AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Há nos coletivos que circulam pelas ruas e avenidas da Região Metropolitana de Belém, alguns deles que colocaram duas cadeiras em posição inversa a ordem das demais. Elas são sempre as últimas a serem ocupadas pois, ao sentar-se nelas o passageiro tem a impressão de que jamais chegará ao seu destino, posto que o ônibus segue na direção oposta a que ele deseja.
De certa feita ao entrar no ônibus sentei-me em uma dessas cadeiras. A sensação que tive, inicialmente, foi a de um orador chato, falando para uma platéia sonolenta, uma vez que ninguém me prestava atenção. Bem à minha frente, sentada na segunda ou terceira fileira, uma mulher, aparentando ter entre 30 e 40 anos mostrava-se bastante ocupada em retirar da face minúsculas partículas de sujeira, só vistas a olho feminino. Em uma mão segurava um pequeno espelho e com a outra fazia o habilidoso e delicado trabalho: com a unha retirava a sujeira invisível e com as ponta dos dedos massageava o local, como a querer fechar a diminuta fenda. Quando terminou de fazer o trabalho de limpeza, examinou cuidadosamente, aplicou mais algumas massagens, parecia que estava querendo nivelar o terreno.
A essa altura chegou perto dela um rapaz, não mais velho que ela e puxou conversa, pelo jeito, parecia se tratar de um colega de trabalho. Sem descuidar da conversa, ela abriu a bolsa e apanhou um estojo, em seguida aplicou uma camada de base (suponho), sobre a superfície facial. Guardou o estojo e pegou o lápis, traçou cuidadosamente o contorno dos lábios depois passou o batom. Apertou os lábios um contra o outro. Guardou o batom, pegou novamente o lápis e passou ao trabalho dos olhos. Começou pelas sobrancelhas que escureceu com o “lápis mágico”, depois passou a desenhar a sombra das pálpebras, primeiro uma cor azul quase escura, depois uma cor mais suave e por fim uma cor clara, quase da cor da pele.
Eu observava tudo aquilo, com disfarçada atenção, tendo o cuidado para que ela não notasse que estava sendo observada. De vez em quando ela lançava um olhar rápido ao redor, não sei se procurava algum rosto curioso ou examinava possíveis concorrentes. Quando eu pensei que tudo estava terminado, surpreendi-me: ela abriu mais uma vez a misteriosa bolsa (quanta coisa cabe dentro de uma bolsa de mulher!), demorou um pouco revirando o conteúdo e, por fim, trouxe, na ponta dos dedos indicador e polegar, uma diminuta escova, mergulhou-a numa solução e começou a alinhar os cílios com a precisão e a habilidade de um profissional do bisturi (cirurgião).
Quando terminou, guardou tudo na bolsa, piscou os olhos várias vezes, mirando-se no pequeno espelho, de forma rápida como a aprovar o resultado. Ela era bonita e agora estava radiante. Seu rosto se iluminara com o trabalho da maquiagem. Perfeito!, deve ter pensado, pelo olhar de satisfação que se lhe notava na face.
A viagem continuou e eu não vi onde ela desceu. E ainda tem gente achando que as mulheres não vão governar o Mundo. Pois eu tenho certeza que se elas já não o dominaram só pode ser por um destes dois motivos: ou elas não querem assumir mais responsabilidades do que já têm e assim deixam que nós, homens, façamos as tarefas que hoje assumimos; ou estão se preparando para dar o golpe fatal, de tal forma que não restarão muitos de nossa espécie, a não ser uns exemplares caprichosamente selecionados e destinados a preservação da espécie para o caso da clonagem humana falhar.
Imagine só, se uma mulher é capaz de fazer todo aquele complicado trabalho de maquiar-se, dentro de um ônibus em movimento, dirigido por um motorista stressado e mau humorado; que as vezes arranca de uma vez e as vezes freia bruscamente, jogando os passageiros uns de encontro aos outros num vai-e-vem contínuo; e ainda é capaz de conversar, sem que isso lhe faça cometer nenhum erro, como não serão capazes de administrar este Mundo, tão bem melhor que os homens?
Por minha parte, estou convencido que mais cedo ou mais tarde elas vão mandar no mundo e aí temos que pedir a Deus para que elas não resolvam cobrar de nós as grosserias que lhes fazemos, pois aí, com certeza, estaremos ameaçados de não sobrar nenhum, nem para a preservação da espécie.
*Sociólogo e Funcionário da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Pará.
De certa feita ao entrar no ônibus sentei-me em uma dessas cadeiras. A sensação que tive, inicialmente, foi a de um orador chato, falando para uma platéia sonolenta, uma vez que ninguém me prestava atenção. Bem à minha frente, sentada na segunda ou terceira fileira, uma mulher, aparentando ter entre 30 e 40 anos mostrava-se bastante ocupada em retirar da face minúsculas partículas de sujeira, só vistas a olho feminino. Em uma mão segurava um pequeno espelho e com a outra fazia o habilidoso e delicado trabalho: com a unha retirava a sujeira invisível e com as ponta dos dedos massageava o local, como a querer fechar a diminuta fenda. Quando terminou de fazer o trabalho de limpeza, examinou cuidadosamente, aplicou mais algumas massagens, parecia que estava querendo nivelar o terreno.
A essa altura chegou perto dela um rapaz, não mais velho que ela e puxou conversa, pelo jeito, parecia se tratar de um colega de trabalho. Sem descuidar da conversa, ela abriu a bolsa e apanhou um estojo, em seguida aplicou uma camada de base (suponho), sobre a superfície facial. Guardou o estojo e pegou o lápis, traçou cuidadosamente o contorno dos lábios depois passou o batom. Apertou os lábios um contra o outro. Guardou o batom, pegou novamente o lápis e passou ao trabalho dos olhos. Começou pelas sobrancelhas que escureceu com o “lápis mágico”, depois passou a desenhar a sombra das pálpebras, primeiro uma cor azul quase escura, depois uma cor mais suave e por fim uma cor clara, quase da cor da pele.
Eu observava tudo aquilo, com disfarçada atenção, tendo o cuidado para que ela não notasse que estava sendo observada. De vez em quando ela lançava um olhar rápido ao redor, não sei se procurava algum rosto curioso ou examinava possíveis concorrentes. Quando eu pensei que tudo estava terminado, surpreendi-me: ela abriu mais uma vez a misteriosa bolsa (quanta coisa cabe dentro de uma bolsa de mulher!), demorou um pouco revirando o conteúdo e, por fim, trouxe, na ponta dos dedos indicador e polegar, uma diminuta escova, mergulhou-a numa solução e começou a alinhar os cílios com a precisão e a habilidade de um profissional do bisturi (cirurgião).
Quando terminou, guardou tudo na bolsa, piscou os olhos várias vezes, mirando-se no pequeno espelho, de forma rápida como a aprovar o resultado. Ela era bonita e agora estava radiante. Seu rosto se iluminara com o trabalho da maquiagem. Perfeito!, deve ter pensado, pelo olhar de satisfação que se lhe notava na face.
A viagem continuou e eu não vi onde ela desceu. E ainda tem gente achando que as mulheres não vão governar o Mundo. Pois eu tenho certeza que se elas já não o dominaram só pode ser por um destes dois motivos: ou elas não querem assumir mais responsabilidades do que já têm e assim deixam que nós, homens, façamos as tarefas que hoje assumimos; ou estão se preparando para dar o golpe fatal, de tal forma que não restarão muitos de nossa espécie, a não ser uns exemplares caprichosamente selecionados e destinados a preservação da espécie para o caso da clonagem humana falhar.
Imagine só, se uma mulher é capaz de fazer todo aquele complicado trabalho de maquiar-se, dentro de um ônibus em movimento, dirigido por um motorista stressado e mau humorado; que as vezes arranca de uma vez e as vezes freia bruscamente, jogando os passageiros uns de encontro aos outros num vai-e-vem contínuo; e ainda é capaz de conversar, sem que isso lhe faça cometer nenhum erro, como não serão capazes de administrar este Mundo, tão bem melhor que os homens?
Por minha parte, estou convencido que mais cedo ou mais tarde elas vão mandar no mundo e aí temos que pedir a Deus para que elas não resolvam cobrar de nós as grosserias que lhes fazemos, pois aí, com certeza, estaremos ameaçados de não sobrar nenhum, nem para a preservação da espécie.
*Sociólogo e Funcionário da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Pará.
2 comentários:
Parabéns, pela sensibilidade, pelo olhar clinico,são raros os que o têm.Realmente é muito facil ser mulher , o dificil é não ser reconhecida como uma verdadeira cidadã, pois somos O CAPITAL SOCIAL HUMANO, mais importante em toda e qualquer produção seja na esfera federal, estadual e municipal em qualquer setor de nossa sociedade.
Adoro ser mulher!!!!!!!!!!!!!!!!
Socialista-ANANINDEUA.
Que Crônica bonita, parabéns ao Sr.José Vasconcelos e ao blog por essa homenagem me sentir orgulhosa, no meu dia.
Sandra Mara- Stelio Maroja
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