terça-feira, 28 de junho de 2011

Wladimir Palmeira sai do PT por causa da volta de Delúbio Soares

Wladimir Palmeira
Meu caro Alberis

Venho, por meio desta, me desfilar do PT. Não o faço por divergências políticas fundamentais, embora minha carreira minoritária seja de todos conhecida. Sempre me coloquei mais à esquerda da linha oficial, mas nada que, nas circunstâncias brasileiras, me levasse a deixar o partido.

No entanto, a volta ao partido de Delúbio Soares, justamente expulso no ano de 2005, me impede de continuar nele. Pela questão moral, pela questão política, pela questão orgânica. Pela questão moral porque é evidente que houve corrupção: Não se pode acreditar que um empresário qualquer começasse a distribuir dinheiro grátis para o partido. Exigiria retribuição, em que esfera fosse. O procurador federal alega que são recursos oriundos de empresas públicas, sendo matéria agora do STF. Mas alguma retribuição seria, ou a ordem do sistema capitalista estaria virada pelo avesso.

Pela questão política  porque o PT assumiu um compromisso com a sociedade, quando apareceram as denúncias: o compromisso de punir. E sustentamos que punimos. Punição limitada, na opinião dos petistas do Rio de Janeiro, que por seu DR pediram mais dureza, ao mesmo tempo que apontavam o caminho da Constituinte exclusiva para a reforma política imprescindível. Punição limitada, repito, mas efetiva.

Pela questão orgânica, porque o ex-tesoureiro não só agiu ilegalmente  com relação à sociedade,mas violou todas as normas de convivência partidária, ao agir à revelia da Executiva Nacional e do Diretório Nacional.

A volta de Delúbio faz com que todos se pareçam iguais e que, absolvendo-o, o DN esteja, de fato, se absolvendo. Ou, mais propriamente, se condenando, ao deixar transparecer que são todos iguais.
Não creio que o sejam.

Já tinha definido que sairia caso o ex-tesoureiro voltasse. Mas,em primeiro lugar,tive que advertir amigos e companheiros mais próximos,sob pena de lhes causar embaraços. Por outro lado, o governo Dilma entrou em crise, em função das acusações contra Palocci. Sanada a crise, comunicados os companheiros, posso, afinal, lhe entregar esta carta.

Mando um abraço para você e para todos os que, dentro do PT, lutam por uma sociedade mais justa.
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2011-06-27

Vladimir Palmeira

9 comentários:

Toquinho disse...

Meu caro Baiano,

Com esse movimento o companheiro fez como no "mito da caverna" de Platão, saiu da caverna do obscurantismo social-democrata, para o mundo luminoso das idéias socialistas, onde é possível cultivá-las, para intervir efetivamente na realidade. Isso é uma virtude dos imprescindíveis.

Anônimo disse...

Certamente muitos seguirão mesmo caminho em todo Brasil, preparem bastante fichas de filiação do psol e pstu.

Anônimo disse...

Não viagem, a esquerda não anda para trás, o PT ainda é o palco de debates.Psozinho, Psótu. Não levam a lugar algum.

Anônimo disse...

Wladimir com todo respeito, ainda vive a crise do filho da Burguesia, foi (depois que alguns companheiros sequestraram o embaixador Americano) para Cuba detestou o sistema cubano, não queira ser guerrilheiro. Voou para o México, depois Europa, e lá se encontrou. Na volta ao Brasil não assumiu compromissos e ônus com o projeto de poder, queria debater fechado nos apartamentos de Ipanema, é o último militante do PCI, Partido Comunista de Ipanema. Ora Wlad, transformar o Brasil teve ônus, alguns foram para o sacrifício, Dirceu, Delúbio e outros.
abcs. obs. no seu novo Partido tome partido.

Condoreiro disse...

Caro anônimo das 18:20, a esquerda "anda para trás" quando tal expressão significa mostrar exemplos e caminhos a seguir. Quero lembrar vossa senhoria de que não se deve é andar para direita, não achas?

Condoreiro!!

Na Ilharga disse...

O cara de pau das 18:12, por acaso, já leu as declarações elogiosas do "manager child", ou alcaide criança, pro Simão Lorota. E olha que o Pescador nem defende o fim da Lei Kandir, mas apenas compensações, também conhecidas como migalhas.
Hilária essa atual tucanofilia psolista.

Anônimo disse...

O anônimo das 18:40 deve estar em outro país, quando afirma
“transformar o Brasil teve ônus..” Quero que diga que
transformação foi essa. Já sei: O PT fez a reforma agrária!
Está suprimindo o Estado para a transformação de uma
Sociedade socialista! Conta outra piada......
Marlon George

Condoreiro disse...

O DESVIO DE R$ 3,9 bilhões do BNDES, das suas finalidades primordiais para viabilizar a integração do supermercado Pão de Açúcar com o Carrefour, implica o comprometimento do governo Dilma Rousseff com um negócio privado de futuro juridicamente incerto e com esperáveis efeitos negativos para os consumidores e a economia social. Obra possibilitada pelo uso do dinheiro público que engorda o cofre do banco.
Com esse envolvimento articulado em sigilo, como convém aos dias de hoje, o BNDES persiste no governo Dilma com sua presença bilionária e decisiva; durante o governo Lula, na senda de negócios suspeitos ou, mais do que isso, ostensivamente contrários às leis -como o negócio das telefônicas Oi/ BrTelecom, tramado contra proibição legal explícita. E, está provado, sob justificativas falseadas: nenhum proveito se mostrou ao país ou aos consumidores.
Invocar a ética em tal nível do capitalismo seria imperdoável. Mas seja qual for o nome apropriado, a parcela de fatos afinal conhecidos -depois de negados com firmeza pelos protagonistas- indica que o Grupo Pão de Açúcar está burlando o seu sócio Casino, também francês, que o socorreu em dificuldades não distantes e ao qual, por contrato e por pagamento feito, deveria entregar parte substancial de si mesmo em 2012. O já previsível é que o Grupo Casino defenda os direitos que proclama em páginas inteiras de jornais.
Ao agravar a participação do governo por intermédio do BNDES, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, insulta a percepção dos cidadãos com a pretensa justificativa de que a integração do Pão de Açúcar com o supermercado francês "facilitará a entrada de produtos brasileiros na Europa". O Carrefour não precisaria de associação alguma para criar a facilidade, se a desejasse e pudesse criá-la, nas suas décadas de Brasil; não tem na Europa, nem mesmo na França, toda a dimensão insinuada por Pimentel; são inúmeros os meios efetivos, de fato, para "facilitar a entrada de produtos na Europa" e não só lá, o que se viu nos últimos tempos.
Acréscimo especial à desrazão de Pimentel: se ele e o governo Dilma não sabem, o Carrefour está sem meios, ainda mais para hipotéticas colaborações -fechou 2010, como se pôde ler há um ou dois meses em jornais europeus, com prejuízo na ordem dos bilhões. De euros.
É aí que se deve procurar a razão do grupo francês para o negócio. O governo brasileiro faz, porém, mais do que favorecê-lo e ao Pão de Açúcar: desfavorece os consumidores e o já comprometido equilíbrio na oferta e na concorrência dos supermercados. A formação do crescente oligopólio, encabeçada pelo Pão de Açúcar, sairá muito fortalecida do novo negócio. Há cidades em que a situação já é ou está próxima do monopólio. Caso do Rio, para dar um exemplo eloquente, onde o Pão de Açúcar, no mínimo, é ele próprio, criou a rede Extra e comprou a rede Sendas. Graças à maior altitude comum aos seus preços, e nunca atenuada pelo maior faturamento conjunto como não o será, pelo contrário, com os preços em geral bem aceitos do Carrefour-Rio.
Alimentar (sem trocadilho) a voracidade do Pão de Açúcar é contra o que já foi muito chamado de economia popular. Sem que os R$ 3,9 bilhões do BNDES contribuam em nada para maior produção industrial. Nem para um pouco mais de empregos, mas para o desemprego sempre decorrente das fusões em atividades comuns.

Bruno Calheiros 2012. disse...

Wladimir Palmeira é um grande petista que perdemos. O PT Carioca que anda tão carente de bons nomes, perde seu melhor quadro e principalmente, com muito orgulho, este quadro é de minha tendencia, Militancia Socialista. Nós perdemos muito com sua saida. Inclusive, tive a oportunidade de conversar com ele, quando Wladimir esteve no nosso Encontro Estadual que selou nossa adesão a MS, grande companheiro que tem meu total e irrestrito respeito, esteja ele onde ele estiver.