Coluna Diário de um Blogueiro: Jornalista
e atual blougueiro Jadson Oliveira (Foto), 64 anos, trabalhou como jornalista,
em diversos jornais e assessorias de comunicação, de 1974 a 2007, sempre em
Salvador (Bahia). Na década de 70 militou no PCdoB e no movimento sindical
bancário. Ao aposentar-se, em fevereiro/2007, começou a viajar pelo Brasil,
América Latina e Caribe. Esteve em Cuba, Venezuela, Manaus, Belém/Ananindeua
(quando do Fórum Social Mundial/2009) e Curitiba, com passagem por Palmas,
Goiânia e Campo Grande. Depois Paraguai, Bolívia, Trindad Tobago , Argentina, Sampa e esses dias de férias na Bahia: Acesse o Blog do Jadson
A
figura do caboclo no cortejo simboliza a participação popular na guerra para expulsar as tropas portuguesas (Fotos: Jadson Oliveira) |
Condenação aos critérios
anti-populares dos preparativos para a Copa de 2014 foi uma das dezenas
de campanhas que arrastaram milhares de pessoas pelas ruas de Salvador |
É um imenso palco por onde passam políticos, sindicalistas, militantes de causas as mais diversas, jovens escolares, integrantes das belas e ruidosas fanfarras e curtidores dos mais variados matizes. A variedade e irreverência das manifestações podiam ser notadas logo no Largo da Soledade, na Lapinha, antes mesmo de se iniciar o desfile: ao pé da estátua de Maria Quitéria, heroína das batalhas travadas contra as tropas portuguesas, uma jovem exibia o sugestivo cartaz: “Só faço por $ e quando quero”. E logo juntinho duas faixas, uma defendendo a descriminalização do aborto e outra reclamando: “Obama, liberte os 5 heróis cubanos”, referência aos cubanos que denunciaram a preparação de atos terroristas contra seu país e foram presos e condenados como terroristas pela Justiça dos Estados Unidos.
Isso é só uma pequena mostra do que se podia ver no sábado, no 2 de Julho deste ano, da Lapinha ao Terreiro de Jesus: cobrança sobre o assassinato do sindicalista Paulo Colombiano (era diretor do Sindicato dos Rodoviários) e sua esposa, há um ano sem qualquer elucidação; professores da rede estadual cobrando do governador Jaques Wagner o pagamento de diferenças salariais originadas da URV quando da adoção do Plano Real (1994); professores das universidades estaduais criticando duramente o mesmo governante petista também por questões salariais.
A turma do Comitê Baiano pela
Verdade botou o bloco na rua para defender a aprovação da Comissão Nacional da Verdade, empacada no Congresso há mais de um ano. |
Professores das universidades
estaduais, que vêm de uma greve recente que chegou a atingir dois
meses, fizeram duras críticas ao governador Jaques Wagner |
O ex-governador Waldir Pires (ao seu lado o deputado Emiliano José) liderou o grupo de militantes do PT |
Uma data cívica baiana ou brasileira?
Esta é a parte que poderíamos chamar de popular. Na parte mais oficial, logo antes do desfile, no Largo da Lapinha, houve o hasteamento de bandeiras com a participação do governador, do prefeito de Salvador, João Henrique (alvo também de muitas críticas durante o cortejo) e do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo. Após o desfile, no início da tarde, há uma cerimônia na frente da Câmara de Vereadores, na Praça Municipal. E a partir das 3 horas da tarde, o desfile é retomado – já sem a maciça presença popular – rumo ao Campo Grande, para onde são conduzidas, finalmente, as duas carroças que ostentam as figuras do caboclo e da cabocla.
Tais figuras representam o detalhe mais genuíno da luta dos baianos, sob a chefia do general francês Labatut, para expulsar os portugueses depois do chamado Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, que vem a ser a data consagrada oficialmente como da independência do Brasil. O caboclo e a cabocla simbolizam a participação das camadas pobres, incluindo escravos, indígenas e vaqueiros, na guerra contra os portugueses.
Os indígenas, assim como
escravos, caboclos e vaqueiros, formaram entre os soldados que expulsaram as tropas colonizadoras |
Essa tal consolidação da independência na Bahia, 10 meses após o suposto grito de Independência ou Morte, atribuído ao então príncipe Dom Pedro, pelo que me consta, só é conhecida pelos baianos. No resto do país, o 2 de Julho termina ficando na memória nacional como mais uma manifestação da folclórica inclinação dos baianos para a festança. Para ilustrar: a hoje senadora Lídice da Mata (PSB-BA) - por sinal sempre presente na festa, como no sábado último – era deputada federal quando o nome do aeroporto de Salvador foi mudado de “2 de Julho” para “Luis Eduardo Magalhães”. Consta que ela teria comentado sobre a dificuldade de argumentar contra a mudança de nome, porque os ilustres congressistas seus colegas simplesmente desconheciam de que se tratava esse tal “2 de Julho”.
3 comentários:
Eh baiano, tu só queres fazer militância na Bahia agora, é? só água de côco, praia, muito axé e as baianas ao redor. Assim jogador,...hzhzhzh
Uma abraço.
toco
Grande Toquinho, grande abraço, companheiro, saudades. Estou agora no "inverno" baiano, mas, como vê, continuo trabalhando.
Meu velho camarada Jadson, vem militar um pouco pra essas bandas também. Nós temos um cenário político conturbado, em função da corrupção no parlamento estadual, que ganhou o noticiário nacional; o recrudescimento da violência no campo, com assassinato de trbalhadores rurais; a polêmica da divisão do Estado e a luta das populações tradicionais da Amazônia contra o empreendimento criminoso de Belo Monte. POrtanto, um terreno rico e bastante fértil para companheiros imprescindíveis como vc, contribuírem com sua ferramenta para contrabalançar o massacre ideológico da grande mídia burguesa local.
Um abraço saudoso.
toco
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