sexta-feira, 1 de julho de 2011

A POESIA NUNCA MORRE !

Poeta Nato Azevedo

Por Nato Azevedo

Esse mar de enganos que é a Internet vez ou outra serve para nos informar sobre fatos que sucedem "debaixo de nossos narizes" e a gente nem fica sabendo, fora as ondas de boatos, calúnias, difamações, sarcasmos e "pichações" que tentam nos afogar... sobrenado como posso ao "tsunami" de emails diários -- dos 20 ou mais sites/portais nos quais estou cadastrado -- tendo apenas hora e meia para ver/ler/responder quase tudo.

No dia  24/junho, sob o título  "LETRAS DE LUTO", recebi uma dessas "chorumelas" comuns aos injustiçados e que, embora sem assinatura, tem como remetente meu desafeto (desde 1989/90) Alfredo Garcia, via outro "quase ex-amigo" meu, Rufino Almeida. "Terra onde o impossível acontece a toda hora" -- escrevi eu nos meus primeiros dias aqui, em 1984 -- "o Pará é um ESPANTO permanente", acabei de repisar em recente texto na WEB. Por uma questão de lógica, o multipoeta Juraci Siqueira seria herdeiro (?!) natural da cadeira de Alonso Rocha, mais por AFINIDADE de ideais e sonhos, do que por méritos literários, que ambos tinham/têm de sobra. Escudeiro e "sombra" do Príncipe dos Poetas Paraenses, apoiando-o em tudo, era apoiado por Alonso em questões ligadas a UBT-Belém, "menina dos olhos" desta Rocha de decência, caráter, inteligência e finesse.

Frequentei sempre que pude o Silogeu dos imortais da APL-Academia Paraense de Letras, entre 1994 e 2006... quando minha penúria me impediu até de embarcar num ônibus. Cheguei a ir de bicicleta às reuniões (na casa do Alonso) por vezes, quase 15 km entre bólidos e nenhum semáforo, num dos trânsitos mais ensandecidos do Brasil. Amor pela trova, pela Poesia? Em parte, ía pelo prazer de rever, de estar com  Alonso -- os bolos e docinhos também contavam -- com Juraci e Rufino, 3 mosqueteiros da Literatura, espadejando inutilmente numa região que só valoriza bailes, bebida, bingo e bola... ou quase isso!

"As Letras paraenses estão de luto" dizia o email, pela derrota do premiadíssimo Antônio Juraci Siqueira para a cadeira de Alonso, recentemente  falecido. Juraci sempre foi avesso a esta "imortalidade terrena" e seu discreto desdém à láurea máxima de qualquer escritor talvez tenha contado pontos no fracasso da sua candidatura. Ao vencedor cabe bem menos glória do que o fardo inconteste -- até onde sei sequer publicou livro algum -- de "ocupar a vaga" de um escritor COM MAIS DE 300 VITÓRIAS em certames poéticos do Brasil inteiro, cordelista emérito, autor de obras premiadas pela SECULT-PA e de dezenas de livretos feitos em xerox e espalhados às centenas por toda a Capital das Mangueiras.

IMORTAL só mesmo a Poesia... a de Alonso Rocha, a de Juraci, dos Poetas que vieram antes, dos que nos sucederão adiante. Tudo o mais vira pó! Jornalistas têm a sua Academia, advogados também, até poetas "de fim de semana" (em Icoaraci e Ananindeua) fizeram a sua, em 1990. Província de si mesma. nossa Belém do Pará trata a Academia como "feira livre" -- se eu dissesse quitanda ía fazer par com Lúcio Flávio Pinto na cadeia -- enfiando "goela abaixo" da APL "papudinhos", ricos reitores, "Gênghis Khans" do marketing livresco -- a afundar em 6 meses um Jornal centenário -- e pessoas de bem e com um Passado de brilhantes realizações na TV (desde 1960?) e em Jornais, mas que não são de forma alguma escritores.

"A César o que é de César"... Alonso Rocha disse em tom profético que "preferia receber honrarias aqui na Terra", num evento (2003/4) do "Prefeito-criança" coordenado pela então vereadora Marinor Brito, ambos no PT, na época. Descumpriram a promessa, o livro (como homenagem à Alonso) jamais foi editado e, agora, sentado à esquerda do Pai, tem êle o desprazer de assistir do Céu a desfeita ao amigo de mais de 30 ANOS de lutas e realizações. E o que o clube social AP-Assembléia Paraense tem a ver com isso tudo?! "Nadica de nada", mas Garcia sempre usou óculos e não foi à toa. Aliás, a AP promoveu 3 ou 4 concursos  literários, produzindo os livros com os vencedores -- ao contrário dos últimos Prefeitos da capital -- além de CDs históricos de seus Festivais.

Deitado sobre seu "Travesseiro de Pedra" o poeta que nasceu às margens do Cajary não tem do que se arrepender... eu, no seu lugar nunca mais concorreria à cadeira alguma, exceto a de balanço, no quintal da casa na Rua Felicidade, número 100, Jurunas, BELÉM.
                     "NATO" AZEVEDO (escritor e poeta)
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                   PASSARELA OU LICEU ?!
Ainda repercute a eleição (?!) que alijou o poeta das multidões Juraci Siqueira da Cadeira da APL, que pertenceu ao menestrel Bruno de Menezes, Príncipe dos Poetas Paraenses e que o admirável/admirado Alonso Rocha herdaria -- com título e tudfo! -- mais merecedor do que nunca.

Pipocam comentários de que Alonso Rocha teria declarado sua preferência por Juraci, 3 décadas de embates culturais e amizade os unindo. Alonso partiu, partiremos todos algum dia, mas a expressa vontade do então Presidente da Academia Paraense de Letras foi traída pela força rasteira de "interesses" menores. Não termina 2011 sem uma reviravolta -- péssima para ambos os candidatos -- nessa incômoda situação.

Aqui entre nós, o simplérrimo Juraci com o título de PRÍNCIPE (e Imortal, ainda por cima) -- poetíssimo e paraensíssimo êle sempre foi -- será alvo de chistes de meia Belém.
Com o pouco de sabedoria que a idade me deu, penso que Juraci deve aguardar pacientemente a "partida" do eleito, para só então ser ACLAMADO de fato na Cadeira que é sua por direito (ou vice-versa).
               "NATO" AZEVEDO
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     PASSARELA OU LICEU ?!

É na dança das vaidades
-- num carnaval de ilusões --
que amantes de veleidades
cedem somente à paixões.

E, cegos a mil verdades,
se inclinam à adulações...
imortalizam "beldades",
empresários e "barões".

Escolhendo ao certo o torto
os 22 "fratricidas"
só trouxeram desavença.

Não tendo onde cair morto
o Poeta, seus "deicidas",
é Imortal de nascença !
     "NATO" AZEVEDO
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   A.P.Lando ?!
Se a Cadeira não tem "dono",
eu já sei comoé que fica:
vão chamar para Patrono
o palhaço "Tiririca"!

Imortal em votação
numa Assembléia Geral
faz, em tempo de São João,
verdadeiro "carnaval".

Jure a si, meu caro amigo
e declare, seco e franco
que "Cadeira é um perigo...
agora só sento em Banco"!

--"Oh, meu Príncipe altaneiro,
sem fardão nem toga nova.
Sei que tu não tens dinheiro...
dê-me ao menos 1 trova"!
     "NATO" AZEVEDO

Um comentário:

Condoreiro disse...

Muito boa sua análise, poeta Nato. Concordo e defendo também esse pensamento.

Condoreiro!