Tatiana Félix Jornalista da Adital
A pesquisa Imprensa e Racismo: Uma
análise das tendências da cobertura jornalística publicada hoje (17) pela
Rede ANDI – Comunicação e Direitos demonstra como os principais jornais
brasileiros estão tratando a questão do racismo na hora de informar a população.
No total, mais de 1.600 textos, de 54 jornais de todas as regiões do Brasil,
foram analisados entre 2007 e 2010.
O resultado é que a pesquisa verificou que a maior parte das notícias
sobre negros estão relacionadas às políticas públicas, nas capitais e centros
urbanos, ignorando as áreas rurais e periféricas, onde estão concentradas as
populações mais vulneráveis – e esquecidas. Seguindo essa tendência, foi
constatado que o debate concentra-se mais nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste desconsiderando a realidade das regiões Norte e Nordeste do país.
Os dados revelam ainda que a concentração do noticiário gira em torno de
dispositivos de enfrentamento ao racismo com ações afirmativas como cotas para
ingresso em universidades (18%), igualdade, desigualdade de raça e etnia
(16,4%). Mas, por outro lado, temas importantes de interesse da população negra
ficaram invisibilizados recebendo pouca atenção dos jornais como no caso da
saúde da população negra; relações de raça, gênero e etnia; e Ensino da
História da África.
Quando abordam quilombolas, as notícias geralmente tratam da questão
agrária, "regularização fundiária, processo administrativo para reconhecimento
das terras e violência relacionada a conflitos fundiários”.
Sobre um dos problemas que mais atinge a população negra, o estudo percebeu
uma tendência dos periódicos em "dissociar as violências físicas praticadas
contra a população negra no país e o debate sobre seu contexto de produção”, ou
seja, separam os atos de violência contra negros da análise sobre racismo, como
se um fato não estivesse ligado ao outro.
"Uma análise complementar evidenciou que nos espaços noticiosos em que
se debate racismo, as violências físicas não são suficientemente
problematizadas, enquanto nos espaços reservados ao registro de violências
físicas não se debate racismo, omitindo-se até mesmo a referência às
características socioeconômicas ou étnico-raciais das vítimas”, relata o
estudo.
Um fato que chamou a atenção na pesquisa é que diferente do esperado foi
um jornal de veiculação regional/local, o periódico A Tarde (BA), o que mais
noticiou sobre racismo no país, com 13,1% das matérias analisadas. Em segundo
lugar aparece o jornal de alcance nacional, O Estado de S.Paulo, com 8,4% das
matérias estudadas.
Veja a pesquisa na íntegra, aqui.
Para mais informações: (61) 2102.6538 ou e-mail: pauta@andi.org.br
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