Jornal GGN - A edição do Valor desta quinta-feira
(21) traz uma reportagem sobre a convergência de ideias entre Armínio
Fraga e Eduardo Giannetti. O primeiro elabora o programa de governo de
Aécio Neves (PSDB) no setor econômico. O segundo está no bloco da mais
nova candidata ao Palácio do Planalto, Marina Silva (PSB/Rede).
Os dois economistas participaram de eventos públicos nos últimos
dias, e defenderam a volta do tripé “como fio condutor da política
econômica no caso da vitória da oposição [à Dilma Rousseff, PT] nas
eleições presidenciais de outubro.”
A proposta emergencial defendida por ambos é um plano de ajuste logo
no início do novo governo. Este plano inclui realinhamento das tarifas,
medidas que podem provocar uma quebra no ritmo de crescimento e impacto
no emprego. Segundo o Valor, Armínio e Giannetti acreditam que mesmo os
reflexos negativos tendem a desaparecer rápido, pois o país tem
"capacidade de reação muito forte e podemos terminar 2015 com a economia
em aceleração", nas palavras do conselheiro do PSB.
O argumento de reação forte usado por Armínio e Giannetti remete ao
passado. "Ambos lembraram a crise de 1998/99 - quando Armínio assumiu a
presidência do Banco Central no início do segundo mandato de Fernando
Henrique Cardoso e, junto com a adoção do sistema de metas de inflação,
elevou os juros - e o posterior crescimento de 2000 como um exemplo
desses momentos em que o ajuste traz um custo inicial forte e a benesse
da recuperação vem rapidamente", apontou o jornal.
Tanto Armínio quanto Giannetti criticaram a "política de contenção
artificial da inflação", envolvendo o controle dos preços de
combustíveis e da energia, do câmbio (mas por conta da 'política de
intervenção do Banco Central'), e o desajuste fiscal. "Na questão fiscal
ambos enfatizaram questões diferentes mas não divergentes", disse o
Valor.
Os dois ainda deram indícios de que concordam que a inflação é muito
alta, que a banda é uma das mais amplas e, ainda assim, muitas vezes é
ultrapassada, colocando o país no teto da meta. Aécio deixa claro que
quer levar a inflação para o centro, em 4,5%. O conselheiro da campanha
de Marina não citou números.
Giannetti, que pode fazer parte de um governo inédito no país caso
Marina Silva seja eleita este ano, foi enfático ao dizer que o gasto
público cresceu em todos as administrações desde a Constituição de 1988,
o que inclui críticas aos dois mandatos de FHC e sua atuação como
ministro da Fazenda de Itamar Franco. "A carga tributária aumentou de
24% para 36% do PIB", disse ele, acrescentando que os gastos e os
tributos subiram em todas as esferas de governo. Ele não poupou críticas
à "contabilidade criativa" de Dilma Rousseff.
Para Armínio - que concentrou suas críticas no governo Dilma - o
"conserto" fiscal vai demorar cerca de dois anos. Ele ainda acredita que
é possível discutir e adotar uma reforma tributária que passa pela
simplificação dos impostos. Giannetti ainda não entrou nesse ponto.
"Há ainda outros pontos de convergência entre os dois economistas,
como a forte crítica à postura do governo de colocar a culpa pelo baixo
crescimento na crise externa, a avaliação de que o país já está em
quadro recessivo, a necessidade de revisar os programas de benefícios
fiscais que seguiram o modelo de 'escolher campeões', a crítica ao forte
intervencionismo do governo e a necessidade de recuperar o princípio de
câmbio flutuante, para recompor o tripé", destacou o periódico.
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