Por Josias Souza
O Diretório Nacional do PMDB anunciou nesta terça, por aclamação, o rompimento oficial com o governo de Dilma Rousseff. Para o comentarista político Josias de Souza, o fato de a decisão ter sido proferida por aclamação tem o intuito de mostrar uma união do partido. "Só que é uma unidade por hora falsa, vai ter que ser comprovada no dia a dia", afirma.
Para Josias, essa foi uma estratégia adotada pelo partido para passar uma ideia de unanimidade, apesar de haver um grupo minoritário que não queria romper. "O PMDB continua sendo um partido dividido", diz.
Além da ameaça do impeachment, Josias ressalta que ainda paira a possibilidade de o TSE impugnar a chapa Dilma-Temer. "Esse processo continuará tramitando na Justiça Eleitoral e pode instabilizar um eventual governo Temer. Por isso digo que estamos num momento de rara instabilidade, não há condições de dizer o que vai acontecer daqui dois três meses".
Esvaziamento imediato?
Depois de romper com o governo, o PMDB se vê dividido sobre o prazo para a saída dos seis ministros e a devolução de cerca de 600 cargos que o partido ocupa na máquina pública federal.
Segundo o ex-ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, "ninguém vai sair daqui correndo para arrumar as gavetas". Contudo o vice-presidente da sigla, senador Romero Jucá (RR), defendeu que todos os filiados do PMDB com cargos públicos no governo federal deveriam deixar os postos imediatamente.
Entre os ministros do PMDB que já manifestaram desejo de continuar nos cargos apesar do rompimento da sigla com o governo estão o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia).
Questionado sobre eventuais punições aos integrantes do PMDB que decidirem continuar nos cargos, Jucá disse que o momento é de esperar. Já o Padilha disse acreditar que não será preciso punir integrantes do partido por conta do rompimento com o governo.
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Mudança de planos
A presidente Dilma Rousseff decidiu cancelar a viagem que faria aos Estados Unidos na próxima quinta para participar da 4a Cúpula Sobre Segurança Nuclear, em Washington. A decisão foi tomada no momento em que o PMDB oficializa o desembarque definitivo do governo federal.
O cancelamento da viagem também evitará que o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB e principal articulador do rompimento, assuma o comando do país por dois dias.
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