quarta-feira, 25 de maio de 2016

Operação Lava Jato "Aécio está com medo", diz Renan sobre delação de Delcídio

Em áudio vazado, presidente do Senado diz que senador tucano pediu ajuda para saber detalhes do acordo feito por Delcídio do Amaral com a Justiça
por Redação

Antonio Cruz / Agência Brasil
 
Michel Temer, Renan e Aécio: medo?

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), citado por cinco delatores diferentes da Operação Lava Jato, é mencionado em um novo áudio vazado que tem como personagens o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, os áudios mostram Renan e Machado conversando sobre a crise política e possíveis saídas para ela. Em determinado ponto da análise, Machado afirma que toda a classe política está com um "aperto nos ombros" e Renan responde dizendo estarem todos com medo.
O senador emenda citando Aécio, presidente do PSDB e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, que estaria "com medo" da delação do senador cassado Delcídio do Amaral, ex-líder do governo Dilma Rousseff, e teria pedido a ele para buscar mais informações sobre o acordo.
MACHADO - E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN - E tudo com medo.
MACHADO - Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN - Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'
MACHADO - Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
Em sua delação, Delcídio cita dois casos envolvendo Aécio Neves. No primeiro, ele afirma que o tucano recebeu propina em um esquema de corrupção em Furnas, subsidiária da Eletrobras.
No segundo, Delcídio afirma que, na época em que presidiu a CPMI dos Correios, que investigou o "mensalão", um emissário do tucano lhe pediu que o prazo de entrega da quebra dos sigilos do Banco Rural fosse ampliado, a fim de “maquiar os dados”.
“A maquiagem consistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam Aécio Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério ‘e companhia’”, diz a delação. Delcídio afirma, ainda, que a estratégia se devia ao fato de que “a gênese do mensalão teria ocorrido em Minas”.
Na segunda-feira 23, a mesma Folha de S.Paulo revelou gravações entre Sergio Machado e Romero Jucá (PMDB-RR) que acabaram derrubando o ministro do Planejamento de Michel Temer. Nos áudios, Machado, que foi líder do PSDB no Senado antes de deixar a política, afirma que "Aécio não tem condição" de ganhar uma eleição e pergunta: "Quem não conhece o esquema do Aécio?".

Sergio Machado, um dos primeiros alvos da Lava Jato, fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato e os termos, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, foram homologados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator da Lava Jato na corte.

Renan pede desculpas a Aécio
De acordo a Folha, em resposta ao jornal, Renan Calheiros enviou uma nota afirmando que todas as opiniões manifestadas na conversa com Sergio Machado já eram públicas. Em relação a Aécio, no entanto, Renan "se desculpa porque se expressou inadequadamente". O presidente do Senado, diz a nota, "se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral."
A Executiva Nacional do PSDB disse ao jornal que vai "acionar na Justiça" o ex-presidente da Transpetro. Para o PSDB, é "inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada".
"Fica cada vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem gravados e divulgados", diz o partido.

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