terça-feira, 25 de novembro de 2025

Quem é Nilma Bentes a paraense que idealizou a Marcha das Mulheres Negras que aconteceu nesta terça (25), em Brasília


Mais de 100 mil mulheres negras do Brasil marcharam em 2015 contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver – um processo histórico que impactou e definiu os rumos da organização política das mulheres negras no Brasil e na América Latina.

Quase dez anos depois, irmanadas com as muitas de nós que estão ao redor do mundo, convocamos a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, a 2ª Marcha Nacional (de caráter internacional) das Mulheres Negras - Nome completo: Raimunda Nilma de Melo Bentes. 
 

Nascimento: 28 de janeiro de 1948, em Belém (PA). 

Formação: Engenheira agrônoma — formou-se na Universidade Federal Rural da Amazônia, no ano de 1971. 

Carreira profissional: Trabalhou no Banco da Amazônia por quase três décadas, no setor de financiamentos rurais. 

Desde jovem, Nilma viveu o racismo e a discriminação de perto — em sua escola, era rara a presença de pessoas negras. Esse contexto moldou sua consciência de luta e a motivou a se engajar no ativismo. 2

Ativismo e construção de espaços de negritude no Pará

Nilma foi uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa). 

Com o Cedenpa, participou de várias frentes: desde atividades culturais (blocos afro; oficinas de música, percussão etc.) até lutas políticas como:

criação de cartilhas antirracistas: Raça Negra: a luta pela liberdade (1986) e Noções sobre a vida do negro no Pará (1989). 

luta pela demarcação de terras quilombolas e pelos direitos das comunidades negras rurais e urbanas. 

atuação contra o racismo institucional: pressionando por conselhos do negro, delegacias para crimes de discriminação racial, e pela inclusão de relações raciais no sistema educacional do Pará. 

Seu ativismo atravessa décadas e abrange tanto questões raciais quanto ambientais — especialmente considerando sua formação agronômica e sua vivência na Amazônia. 

   Linha do Tempo – Nilma Bentes

 1940–1960: Infância e formação de consciência

1948 — Nasce em 28 de janeiro, em Belém do Pará.

• Cresce em um ambiente onde o racismo era naturalizado.

• Na escola, quase não havia outras crianças negras, o que marcou sua percepção sobre desigualdades desde cedo.

 1960–1970: Juventude e vida acadêmica

Final dos anos 1960 — Ingressa no curso de Engenharia Agronômica.

1971 — Forma-se engenheira agrônoma pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

 1970–1990: Atuação profissional e início do ativismo

Anos 1970–1990

• Trabalha no Banco da Amazônia por quase 30 anos, atuando no financiamento de projetos rurais.

• Vivências profissionais no interior da Amazônia ampliam sua compreensão sobre desigualdade racial, pobreza e exclusão.

Meados da década de 1980 — Entra no movimento negro paraense, começa militância política e cultural.

 1980–1990: Liderança no movimento negro do Pará

1980s — Co-funda o Cedenpa – Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, uma das organizações mais importantes da luta antirracista na Amazônia.

1986 — Participa da produção da cartilha “Raça Negra: A luta pela liberdade”.

1989 — Produz a cartilha “Noções sobre a vida do negro no Pará”.

→ O Cedenpa se torna referência em educação antirracista, cultura negra e luta por direitos de quilombolas.

 1990–2010: Fortalecimento nacional

• Participa de fóruns nacionais e internacionais sobre racismo, violência, direitos das mulheres e questão quilombola.

• Atua na criação de políticas públicas e pressiona governos por delegacias especializadas e conselhos de igualdade racial.

• Contribui para consolidar o feminismo negro na Amazônia — território historicamente invisibilizado.

2011: A semente da Marcha das Mulheres Negras

Durante o Fórum Afro XXI, em Salvador, Nilma Bentes propõe pela primeira vez uma grande mobilização nacional:

 A Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver.

Ela defende que o movimento precisava de um símbolo de união, força e visibilidade nacional.

 2011–2015: Articulação da marcha

• Participa da construção política, reuniões interestaduais e mobilização de grupos de todo o Brasil.

• Ajuda a incorporar à marcha o conceito de Bem Viver — um chamado por justiça social, equilíbrio ambiental, ancestralidade e dignidade humana.

 2015: A Primeira Marcha das Mulheres Negras

18 de novembro de 2015 — Brasília

Acontece a primeira grande marcha.

• Reúne entre 50 mil e 70 mil mulheres negras de todos os estados.

• Torna-se um marco histórico do feminismo negro e do movimento antirracista brasileiro.

Nilma afirma que, mesmo se fossem apenas “cem mulheres”, elas marchariam — mas o país inteiro respondeu ao chamado.

 2015–2025: Referência nacional

• Mantém atuação em debates públicos, políticas de igualdade racial e defesa dos povos da Amazônia.

• Torna-se referência como liderança negra amazônica, feminista e defensora de direitos humanos.

2025 — Um edital nacional para ações da 2ª Marcha das Mulheres Negras recebe o nome “Edital Nilma Bentes”, reconhecendo formalmente seu legado

LEGADO

Criadora da maior mobilização de mulheres negras da história do Brasil.

Referência do feminismo negro amazônico.

Fundadora do Cedenpa, uma das mais importantes instituições de combate ao racismo na região Norte.

Militante por direitos quilombolas, justiça ambiental e antirracismo.

Inspiração para novas gerações de mulheres negras e amazônidas. Fonte  pesquisa sobre Nilma Bentes na internet.

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