quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

De volta ao futuro, análise de Paulo Weyl sobre a derrota do PT no Pará.


Deu no Blog do Arroyo

Caros amigos

Em minhas trocas de emails com o Arroyo, tenho escrito algumas palavras soltas sobre a avaliação da derrota do PT, sempre insistindo que as avaliações correntes tem sido cegas e pautadas pela mídia anti petista.

Acabo de ler uma nota no BLog do Marcelo Marques, o Bacana, que tenho por razoável, em vista do caráter informativo e neutral de seus posteres. Para mim, esse tipo de informação,não carregada de avaliações, por vezes facilita a observação dos processos.

Diz o Blog:
“Entenda os motivos
O PMDB abrindo mão de fazer o presidente da Alepa, prova que confia plenamente em Jatene.
Mas de onde vem essa confiança ?
Do passado, recente esse passado.
Nele houve a costura dos nomes ao Senado, quando o PSDB não abriu espaço para mais ninguém além de Flexa, e também quando Jader abriu mão de sua candidatura ao Governo, facilitando assim a vida de Jatene.
Vem daí essa confiança, o PMDB fez sua parte antes das eleições, em uma engenharia política brilhante que, pelo menos facilitou a vida eleitoral do PSDB.
É só olhar mais atentamente para ver o quadro.
E o PMDB fez sua parte antes.
Hoje o Governo faz a sua”.

Retomo:
Impressionante a cegueira do PT em perceber realmnete a dimensão da disputa em que esteve envolvido.
É importante revelar o proceso eleitoral em todas suas conexões. A avaliação que o PT, por todos os seus próceres, mesmos os mais articulados, tem realizado, não alcançam identificar o papel desempenhado pelo PMDB, mais especificamente, por Jader Barbalho, na construção da deerrota de Ana e na consolidação de Jatene.
Sem perceber isso, o PT vai continuar patinando numa avaliação inteiramente pautada pela mídia antipetista.
3 equivocos da relação PT x PMDB
1. O quivoco do PT. Partido errou na condução das alianças para a governabilidade, desde o primeiro momento.
No primeiro momento, errou ao entregar ao PMDB um número expressivo de Secretarias;
Errou por que, dentre elas entregou Secretarias como a da Saúde, setor público no qual o Partido tem notória competência e tecnicos da mais alta qualidade nacional e internacional. Assim, já na negociação da composição, declinamos de tentar efetivar uma política pública de mais alto impacto no Estado. E, ainda mais, num setor onde o PSDB havia logrado impacto positivo, com a construção de hospitais públicos em funcionameno e em vias de conclusão.
Erramos também quando o governo praticou o esvasiamento de órgãos, como o fez na SEOB,por exemplo. Isso a nada leva do ponto de vista do pacto. Ao contrário, desmotiva a artuiculação na proporção direita da dverdadeira desmoralização do titular do órgão, conhecido então como um Secretário sem poder, sem verbas.
Erramos ainda porque essa composição com o PMDBfoi atabalhoada, permitindo que o lider do PMDB afirme que acordos como o da SESPA, por exemplo, não constituiam acordos com o PMDB, mas com o candidato derrotado, o hoje Dep. Priante.
E, pior de tudo, é o que se diz, o titular dessa composição, depois de ter saido do Governo, ainda hoje é reconhecido como o grande articulador do govero. Depois de toda essa sorte de lambanças, que coisa!

2. Certamente as distintas tendências do PT resistem a observar esses movimentos por razões diversas. Os ligados à maioria do Partido, porque buscaram a parceria com Jader e não podem, agora, creditar parte da derrota eleitoral aos movimentos de um "aliado", do que consideravam aliado.

3. O grupo próximo à Governadora manteve com o PMDB, dentro e fora de governo, uma relação de disputa aberta. Essa tensão política foi também uma tensão de governo. Marcou uma disputa na administração. Não seria correto, do ponto de vista ético, afirmar que esse conflito foi responsável por verdadeira paralisia do governo nas áreas como a saude, por exemplo. Mas é correto afirmar algo próximo a isso, que a paralisia de setores como a da saúde, por exemplo, foi atribuida publicamente à luta fratricida por espaços na administração.
De toda sorte, o Gabinete de Governo ficou na indefinição entre romper com aquele pacto (já roto, é verdade) e , conflagada a situação, recompor as condições de governabilidade, e manter aquela situação insustentável.
A solução de governo foi a pior de todas: a falta de resolução. No governo, afirmo, sem medo de errar, a inércia é a pior de todas as ‘medidas’.

Por fim, quero expressar, com todo o respeito e carinho que devo, um equívoco de natureza política e ideológica de nossa Governadora. Essa inércia política evidencia que a governadora não prestigiou sua posição republicana, deixando-se imobilizar por indecisões de terceiros. O gabinete não é do Partido, nem de tendência. Na República, o Gabinete é do Governante que tem o dever de assumir as responsabilidades. Talvez a Governadora não tenha tido claro que a orientação socialista não pode superar à realidade republicana, o que desautoriza um governante, qualquer que seja, "dividir" o poder. O Governante tem obrigação de ouvir. Mas, mais ainda, tem obrigação de decidir.

A condução política da relação do governo com o ‘aliado’ PMDB não foi capaz de perceber a tempo que Jader urdia a candidatura de oposição. E essa cegueria, seguramente, foi uma das responsaveis pela derrota eleitoral.

O quadro eleitoral não foi pior, a alinaça a candidatura de Jatene apoiado na coligação PMDB–PSDB, por interferência direta do Planalto, pois tal configuração turbinaria a candidatura de José Serra por essas bandas, com possíveis repercussões em outros Estados.

Penso que seja importante refletirmos sobre isso. No Pará, esse realinhamento aproxima forças que na realidade sempre estiveram do mesmo lado. Digamos,pois, que foi um realinhamento quase natural. Mas não é isso o que importa para compreender uma derrota num contexto político. O que justifica uma avaliação é a percepção dos equívocos, da inércia em aprofundar a aliança, contextualizando os novos espaços do PMDB na antiga gestão, ou de aprofundar a ruptura, partindo para a disputa aberta, política pública, com o ex-aliado.

Não fizemos nem uma coisa nem outra e perdemos na política.
Paulo Weyl

Postado por Professor Arroyo às 01:33:00 Reações:

9 comentários:

Blog do Joclau disse...

Perfeita essa avaliação. Quero só acrescentar algumas considerações:
1) A relação com o PMDB, foi sempre de litigio, como aquele casal que está prestes a se separar, mais precisa manter as aparencias, até que os bens fossem divididos, a governadora e seu grupo não souberam e nem se esforçaram para comquistar o apoio e a confiança do PMDB.
O PMDB é um grande partido e pode ser um grande aliado. Perdemos a eleição porque o governo não levou isso em consideração, a governadora abandonou as Prefeituras do PMDB, o que diga o Helder, a relação foi sempre conflituosa; Ana Júlia,supervalorizou partidos como O PR, PTB, e esqueceu do PMDB.
2) Outro fator foi a falta de preparo do governo, Ana Julia foi fraca, sua equipe fraca, seu grupo a DS a isolou, a militancia estava sem motivaçao, pois não tinhamos argumentos, nem grandes obras, nem elementos para fazer sua defesa,
3) Na campanha alguns candidatos tiveram todo apoio, e nós do PT (principalmente os nanicos) amarguaram uma posição quase de mendigancia,
4) Na minha avaliação foi um milagre ela ter ido pro segundo turno, isso só foi possível pela grandeza de nossa militancia, e o bom desempenho do governo LULA.
Mais bola pra frente, espero que o PT aprenda que não se governa, só com uma tendencia, e quem esquecer disso vai amargar sempre a derrota.

Anônimo disse...

Esse cara é mais PMDB que que Michel Temmer, égua do puxa saco...

Vicente Cidade disse...

A tese defendida pela Unidade na Luta sobre a avaliação da nossa derrota credita 90% de culpa à DS e acreditem vitimizando o PMDB.

Diante desta análise, cabe então a pergunta: quem coordenou todo o processo de construção da estratégia política para 2010?

Os senhores hão de lembrar, foi a Unidade. Lembrem-se que a DS, ou o tal "nucleo duro" se quiserem, foi destituído da articulação política em março, quando Everaldo assumiu a Casa Civil.

Outra coisa, a avaliação dos erros políticos não podem ser confundidas com os erros do governo. Nós perdemos fundamentalmente na política, na comunicação e na campanha.

Não concordo com avaliações que subestimem o nosso projeto de governo. Fizemos sim um bom governo. Deixamos vários legados e devemos nos orgulhar disso.

Por fim, tenho certeza que em 2014 estaremos nos confrontando com os tucanos de novo, defendendo esses legados e nosso projeto de governo.

Anônimo disse...

Boa avaliação do Weil. O Governo e o PT não compreenderam que foram cozinhados em banho maria pelo chefe do PMDB. Alguns alertas foram feitos mas não interessava a algumas figuras públicas do PT o rompimento, pois esperavam obter vantagem em suas candidaturas.

Anônimo disse...

Quando João Batista e Everaldo Martins,(Deby e Loide), levaram Ana Júlia a casa de Jader Barbalho para o Bjão mão, ele já tinha beijado a mão do Jatene, já fazia tempo.

Anônimo disse...

Não é de se estranhar, pois este Joclau sempre foi da direita. Está no partido errado. Era do ex-PL.

Anônimo disse...

Quem é esse tal de joclau, da onde saiu.

Anônimo disse...

Camaradas,
O debate continua na linha de querer encontrar culpados ou justificar decisões equivocadas desta ou daquela corrente. Embora, entenda isso como luta política interna, fraticida, julgo que ela seja normal, num ambiente de falta de política e condução política equivocada.
O diretóro estadual vai reunir hoje, infelizmente o debate principal não será o balanço de governo e de partido nesse período dos últimos 04 anos e, sim a corrupção na SEMA, esta sim na ordem do dia. O partido não terá outra alternativa senão a de ser solidário a DS, até porque se a coisa ficar fora de controle, veremos coisa pior, pois todos tem o seu "quinhão", neste governo, de corrupção.
Dois aspectos precisam ser considerados nessa análise. O primeiro a DS, uma tendência com uma expectro ideológico à esquerda, se perdeu por opção própria (o que fez com que quadros importantes saíssem do pt e fossem para o psol) e nos últimos tempos não passa de linha auxiliar do chamado "campo majoritário" do pt, ou seja, em que pese sua formulação teórica, sua prática não difere das dos donos do partido, caciquismo, seguidismo, adesismo, pragmatismo e rebaixamento ideológico seja na perspectiva partidária, seja na relação com a sociedade.
O segundo, é que os equívocos coletivos foram tantos, que não se pode creditar apenas a quem estava no comando, com o poder da caneta. Se não vejamos:
a) inúmeros secretários ineficientes, com disputas internas sem solução nas principais secretarias de governo, a exemplo da de educação 05 secretários num só governo;
b) a falta de uma marca de governo que introjetasse o sentimento de mudança que levou o pt ao governo;
c) um instrumento poderoso como PTP, só que nas mãos erradas, não conseguiu nem dialogar com o Estado e muito menos transforma-se numa nova forma de democracia, digamos, consultiva, haja visto que não foi nem citado ou criticado durante a campanha eleitoral;
d) a relação com os aliados foi de uma inabilidade política evidente a expor um núcleo duro muito ruim, mas arrogante toda vida, que levou o governo a uma "rota" sem desvios ou mudanças de curso que pudesse significar alguma saída para o governo e para o processo eleitoral;
e) a malfadada tentativa de mudança no comando do governo, via casa civil, apontado por alguns como uma intervenção do campo majoritário no governo, demonstrou-se na prática inócua, pois não conseguiu nem combater os efeitos, quanto mais a causa dos desmandos coletivos de governo;
f) a relação ruim com a militância, o afastamento dos movimentos sociais, a falta de empatia com a sociedade, consolidaram um sentimento de não pertencimento e até de animosidade entre aqueles que votarão na mudança, mas que não conseguiam ver nesse governo seu representante no poder executivo;
f) a aliança eleitoral descaracterizou o partido, num vale tudo, unindo forças opostas e antagônicas o que consolidou no eleitorado e não o conveceu a ganhar o governo a qualquer preço.
g) a governadora demonstrou ser uma excelente parlamentar e uma administradora sofrível, pois foi indecisa, inábil, subsumida a um núcleo duro que a expôs perante a sociedade e a conduziu a um sofrido desenlace de uma carreira política vitoriosa.
Enfim, alguns dirão falta de comunicação do governo de seus feitos e suas obras à sociedade. Outros que faltou comando de governo, conselho político, responsabilidade do partido. E ainda, outros dirão descaracterizaçao total do governo e do partido que adotaram o fisiologismo como moeda de troca com a ALEPA... e por aí vai.
Esse é o debate que precisa ser feito, como reerguer ou restaurar "pontes" entre o partido e a sociedade?!
Um grande abraço e um bom debate no diretório estadual e principalmente na sociedade!!!

Anônimo disse...

Companheiros,

A Ana Júlia e a DS realizaram a façanha de afundar a legenda aqui no Estado, jogaram o partido na vala comum da política, com seus acordos e alianças espúrias DUCIOMAR/SEFER/ALMIR), que deu nausea na militância e só serviu para desgastar a imagem do partido e de suas principais referências. Esse é primeiro ponto;

Segundo