quarta-feira, 12 de julho de 2017

Trump e a “nova doutrina” para América Latina



Jadson Oliveira é jornalista baiano. Trabalhou nos jornais Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia, Diário de Notícias, O Estado de São Paulo e Movimento. Depois de aposentado virou blogueiro e tem viajo pela América do Sul e Caribe.



De qual “nova doutrina” se fala? Nas últimas sete décadas, o governo dos EUA, em nome da “liberdade”, pilhou as riquezas naturais da região, desestabilizou e invadiu países, promoveu e apoiou golpes de Estado, sustentou ditaduras antes militares, atualmente “brandas”.
De Salvador-Bahia - Em agosto de 1829 – portanto, há quase 188 anos -, Simón Bolívar, grande campeão da luta contra o colonialismo espanhol, considerado o libertador da Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Panamá, soltou sua célebre frase.
Frase lembrada e relembrada nos inúmeros discursos do seu conterrâneo, o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, durante o entardecer do século 20 e o amanhecer do 21:
"Os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a encher a América de misérias em nome da liberdade".
Há 188 anos atrás!
Pois não é que agora, no mês passado, nossa desmemoriada (quando é conveniente) imprensa – nossa e a internacional, os monopólios hegemônicos – alardeou uma “nova doutrina” dos Estados Unidos para a América Latina, proclamada pelo falastrão e ultradireitista presidente Donald Trump!?.
E qual seria esta “nova doutrina”? A doutrina pela qual o império estadunidense se sente autorizado a intervir militarmente na região em nome da "liberdade".
O anúncio foi feito com pompa e circunstância em Miami (EUA), diante do que resta dos esclerosados cubanos anticastristas. Para os “miameros”, como diria com desprezo Chávez (no espanhol, pronuncia-se Miami como está escrito e não “maiame”, como os brasileiros imitando a pronúncia no inglês).
A tal da “nova doutrina” foi anunciada, para agrado aos “miameros”, juntamente com uma suposta suspensão dos acordos de aproximação negociados entre os governos Barack Obama e Raúl Castro. Acordos que vieram depois de inacreditável meio século de resistência dos cubanos.
Concretamente, no entanto, segundo noticiários mais confiáveis, o anúncio trata de restrições associadas às condições de viagens dos norte-americanos a Cuba e limitações a transações com empresas estatais cubanas.
Mas voltemos à “nova doutrina”, que de nova nada tem.
Se Bolívar, defensor da sonhada soberania da Pátria Grande dos sul-americanos, já apontava o dedo acusador contra os EUA há quase 200 anos atrás, o que dizer das últimas sete décadas durante as quais o poderoso país do Norte se assumiu como império?
Ostensivamente depois do final da chamada Segunda Guerra Mundial, que marcou o declínio do império britânico. E a América Latina passou a ser o seu “quintal”.
Daí para cá, o governo dos EUA, sempre em nome da “liberdade” – na verdade, no interesse dos negócios de suas grandes empresas – pilhou as riquezas naturais da região, desestabilizou e invadiu países, promoveu e apoiou golpes de Estado, deu aulas de repressão e tortura aos militares latino-americanos, sustentou ditaduras antes militares, atualmente “brandas”. Como a de hoje no Brasil, mantida através dum esquema midiático-judicial-parlamentar.
O processo mais escandaloso dos nossos dias na Pátria Grande é a investida contra o governo bolivariano da Venezuela. Não por acaso um país riquíssimo em petróleo.  Está convulsionado há mais de 100 dias, com quase uma centena de mortos.
As digitais do império estadunidense estão todas lá. Sempre em nome da “liberdade”, já indicava Simón Bolívar, o Libertador, há 188 anos atrás.
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