segunda-feira, 31 de julho de 2017

Venezuela: EUA no comando da guerra contra a Constituinte a


OS MONOPÓLIOS DA MÍDIA INTERNACIONAL – inclusive a brasileira, claro – tratam de detonar tudo que possa ser positivo na ação do governo chavista. O alvo principal agora é a Constituinte, mas a campanha é permanente. Você nunca lerá informações como estas na imprensa hegemônica do Brasil.
Foto acima, do jornal Página/12: Manifestantes opositores (“pacíficos”, segundo a mídia hegemônica) detonam bomba em Caracas, domingo, 30, dia da votação da Constituinte: homens da Guarda Nacional ficaram feridos. Pelo menos oito pessoas foram mortas durante o dia no país.
Por Aram Aharonian (*) – colunista do portal Nodal – Notícias da América Latina e Caribe, de 31/07/2017 – Tradução: Jadson Oliveira (é parte do artigo intitulado ‘Pela Constituinte sim, mas também contra Trump e o intervencionismo’ – o título e o destaque acima é desta edição).
No último dia 13 de julho teve lugar uma reunião secreta na missão estadunidense da OEA em Washington, presidida pelo ex-representante permanente dos Estados Unidos ante este organismo, Michael Fitzpatrick, e o diretor para América Latina do Conselho de Segurança Nacional, Juan Cruz, com seletos convidados diplomáticos da América-Latina, Caribe, Europa e Ásia, os quais foram instruídos para iniciar uma forte campanha midiática contra a Assembleia Constituinte. Além disso, anunciaram sanções contra a Venezuela e chantagearam tais convidados diplomáticos para que seus governos impusessem sanções bilaterais, similares às operadas pelos EUA.
Conscientes do fracasso da OEA, avançam com os que podem chantagear. Fitzpatrick e Cruz entregaram na reunião cópias de dois artigos que delineiam a tática político-ideológica do atual Departamento de Estado em sua luta contra o governo bolivariano: um texto publicado em 23 de junho no The Wall Street Journal (“A última batalha pela democracia na Venezuela”) e “A bomba de hidrogênio de Maduro”, publicado por “Caracas Capital Markets”, no qual se chama a evitar a “cubanização” da Venezuela.
As ordens foram cumpridas: o presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, tuitou em 16 de julho que “suspender a Constituinte” (…) “é o único caminho para conquistar a paz na Venezuela”; o presidente colombiano Juan Manuel Santos pediu em 17 de julho “desmontar a Constituinte”, no mesmo dia em que Trump disse que “os Estados Unidos adotarão fortes e rápidas medidas econômicas”, palavras repetidas pelos porta-vozes do Departamento de Estado, Heather Nauert e Sean Spicer. O Brasil, Argentina, Costa Rica, Porto Rico, Peru e México se somaram à linha ditada pelos EUA.
Em completa concordância com o “grupo de amigos” (intervencionistas, golpistas) de Fitzpatrick e Cruz, a alta representante da União Europeia para a política exterior, Federica Mogherini, instou Maduro a suspender a Constituinte e ameaçou dizendo que todas as opções, incluídas as sanções, “estão sobre a mesa”.
Alguém a essa altura ainda tem dúvidas sobre os planos de Washington sobre a Venezuela, não por acaso, dona da maior reserva petroleira certificada do mundo, também de ouro, e a quarta maior de gás? O problema de Washington é que a oposição fracassou em cada tentativa (pelas boas, pelas más e as piores também), assim como o “ministério das colônias” em que tentam converter novamente a OEA.
(*) Jornalista uruguaio que vive na Venezuela, co-diretor do Observatório de Comunicação e Democracia e do Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE).

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