Deixou de ser “brincadeirinha”.
Os vídeos de Eduardo Bolsonaro dizendo que bastam um cabo e um soldado para fechar o Supremo e o do pai, dizendo que vai banir do Brasil seus opositores tiveram mais efeito sobre as pessoas, nesta semana final das eleições, do que as toneladas – e ponha toneladas nisso – de barbaridades ditas e gravadas ao longo de duas décadas pelo candidato do PSL.
É algo que até os bolsonaristas de ocasião da mídia reconhecem, como o faz Merval Pereira, na coluna de hoje, em O Globo, embora chame isso de “arroubo retórico” e respire aliviado porque, na visão dele, o ex-capitão tem gordura para perder até domingo, se ficar quieto.
O general Augusto Heleno, comandante em chefe das tropas militares que secundam o candidato foi claro ao mandar embora os repórteres da Reuters Brad Brooks e Anthony Boadle, que o procuraram num evento público: “sob ordens do Bolsonaro, é silêncio de rádio total até depois das eleições.”
Depois das urnas, claro, não haverá mais defesa possível.
A frente principal desta tática da mudez, é claro, foi a negativa de comparecer ao debate final entre os candidatos, à qual a Globo, obsequiosamente, acedeu, cancelando o programa.
O essencial, porém, é que o favorito, que neste momento “ganha o jogo” com boa vantagem, recuou.
Está sob uma pressão que só não é maior porque algumas estrelas do time ainda fazem certo corpo mole e preferem “dar passes para o lado” que jogam contra o tempo.
A queda na rejeição de Fernando Haddad e a subida na de Jair Bolsonaro, registrada ontem pelo Ibope, na qual a vantagem do ex-capitão cai de 12 para apenas um ponto quer dizer muito, porque é a base sobre a qual se definirão de última hora os votos mais fluidos.
A diferença entre os votos totais está em “um Ciro”.
Na eleição em que o país foi incapaz de sonhar, as coisas se definirão pelo temor ao pesadelo. Quando o “EleNão” cresce, ninguém mais tem o direito de desculpar-se por não entender que negar o voto a Haddad é dá-lo a Bolsonaro.
Fernando Brito
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