terça-feira, 9 de julho de 2024

Pará tem pior índice de qualidade de vida do Brasil, revela estudo


Via Opinião em Pauta - Levantamento foi conduzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Se o Pará fosse um país, indicador do Estado estaria no mesmo patamar da nação africana do Quênia, a 47ª pior em qualidade de vida do mundo

Thiago Vilarins – O Pará é o estado brasileiro com o pior desempenho em qualidade de vida. O dado é do Índice de Progresso Social (IPS), uma metodologia internacional que calcula o bem-estar da população a partir de dados oficiais, que, pela primeira vez, é realizado em todas as Unidades da Federação e municípios do País.

O levantamento, conduzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), resultou em um ranking sobre a qualidade de vida no Brasil. O estudo considera fatores como nutrição, saúde, moradia, saneamento, segurança pessoal, acesso à informação, meio ambiente, inclusão social, liberdade individual e acesso à educação superior. O IPS Brasil, como é chamado o estudo, filtrou mais de 300 indicadores até chegar a 52, entre órgãos oficiais e de institutos de pesquisa, como o DataSUS, Conselho Nacional de Justiça, Mapbiomas, Anatel e CadÚnico.

Em uma escala de 0 a 100, o Pará alcançou uma pontuação de apenas 53,20. Para efeito de comparação, são mais de quinze pontos percentuais abaixo da média nacional, que foi de 68,90 pontos (-22,7%). O estudo mostra que se o Pará fosse um país, o desenvolvimento social do Estado equivaleria ao do Quênia.

A nação africana está na posição 123ª entre 170 países avaliados no último IPS Global de 2024. Com índice de 53,62 pontos, o Quênia só superou a pontuação de 46 países dessa lista. Ou seja: o Pará, na condição de país, estaria em uma posição sofrível de 47º pior em qualidade de vida. “Embora o índice mundial possua indicadores diferentes, essa comparação ilustra a situação social crítica que afeta a região”, diz o estudo.

Neste inglório ranking dos Estados com “piores índices de qualidade de vida do País”, ainda aparecem o Acre (55,31), Rondônia (55,67), Maranhão (55,72) e Amapá (55,67). A situação paraense é ainda mais preocupante quando sua nota média é comparada com as pontuações das unidades federativas que surgem na outra ponta do ranking. No topo surge São Paulo, com 66,25 pontos, seguido por Santa Catarina (64,24), Paraná (63,49), Minas Gerais (63,11) e Goiás (62,79).

Não por acaso, os municípios paraenses despontam na lista dos piores IPS Brasil. Das vinte últimas colocações, oito são cidades do Pará. Esse ranking começa com dois municípios de Roraima, Uiramutã (37,63) e Alto Alegre (38,38), e na sequencia surge o domínio paraense com as citações de Trairão (38,69), Bannach (38,89), Jacareacanga (38,92), Cumaru do Norte (40,64), Pacajá (40,70), Uruará (41,26), Portel (42,23) e Anapu (42,30).

No outro extremo, dentre as localidades brasileiras com os melhores desempenhos em qualidade de vida, liderado pelo município paulista de Galvão Peixoto (74,49), não figura nenhuma cidade do eixo Norte-Nordeste. Considerando apenas as capitais brasileiras, Belém surge com o quarto pior quadro avaliado, com índice de 62,51 pontos, a frente, somente, de  Porto Velho (RO), com 57,10 pontos; Macapá (AP), com 58,03; e Maceió (AL), com 62,37. Brasília (DF) e Goiânia (GO) despontam dentre os melhores, com avaliações de 71,25 e 70,49, respectivamente.

Dimensões

O IPS é dividido em três dimensões principais: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos para o Bem-estar; e Oportunidades. Cada uma delas tem quatro componentes, e formam a média final. No caso do Pará, foi essa última dimensão que apresentou o pior desempenho: enquanto a nota brasileira foi de 44,83, a do estado ficou em 40,17 – 11,6% menor do que a nacional. Essa dimensão reúne indicadores do Estado como vulnerabilidade familiar, violência de gênero, trabalho infantil, acesso à educação superior, transporte público e acesso à cultura e lazer.

Na dimensão Necessidades Humanas Básicas, o Pará reuniu 61,08 pontos – 20,5% abaixo da média nacional de 73,58. Nesta análise são considerados componentes como Nutrição e Cuidados Médicos Básicos; Água e Saneamento; Moradia; e Segurança Pessoal. Já em Fundamentos para o Bem-estar, que avalia critérios como Acesso ao Conhecimento Básico e à Informação e Comunicação; Saúde e Bem-estar; e Qualidade do Meio Ambiente, o Estado anotou pontuação de apenas 58,35 – 15% a menos da média nacional de 67,10.

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