Manuel Alves - lider comunitário ex-diretor do sindicato dos trabalhadores da construção civil de Belém e Ananindeua - é assassinado covardemente.

Revolta e consternação no enterro, do líder comunitário Manuel de Jesus Alves da Silva, de 54 anos, na sede da Associação de Moradores do Residencial Jardim Brasil, no Coqueiro, em Ananindeua. Ele foi assassinado com oito tiros na rua Juscelino Kubitschek no conjunto Jardim Brasil, onde morava com a família, anteontem. Após ser baleado, Manuel ainda foi socorrido por familiares, mas morreu a caminho do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE). No velório, sobre o corpo da vítima, foi colocada uma carta onde se lia, entre outras coisas, a frase: "Obrigada, seu Manuel, por tudo que fez por nós. O senhor nos deu força para lutar".

Familiares, amigos, líderes sindicais e políticos estiveram no velório do líder comunitário do conjunto Jardim Brasil. Atualmente, o conjunto possui cerca de 400 famílias. Manuel é lembrado pelos vizinhos como uma referência política e de luta. O sindicalista tinha quase 40 anos de trabalho em defesa dos direitos da comunidade.

O acusado pelo crime é um homem identificado apenas como "Luís", que estaria ameaçando a vítima. Maria do Rosário Trindade, esposa da vítima, contou que o marido ficava na frente da residência todas as noites, momento em que o assassino aproveitou para agir. "Ele havia comentado com a mulher de que estava sendo ameaçado por um homem que ligava constantemente para o celular. Ela não soube informar detalhes, mas estamos investigando para tentar chegar a esse suspeito pelo crime", afirmou um dos policiais que investiga o caso.

Emocionada, a filha do líder comunitário, Alessandra Lima, confirmou as ameaças recebidas pelo pai. "Começou há três meses. Ligavam para o celular dele e diziam que iriam ‘liquidar’ com a vida dele. Depois, as ameaças continuaram. Toda a madrugada, por volta de 1 hora, o celular tocava. Quando ele atendia, ninguém respondia. Ele ouvia apenas uma respiração do outro lado da linha, mas não falavam nada. Isso era toda noite", relatou a filha.

Alessandra disse ainda que Manuel estava preocupado com as ameaças, que tinham o objetivo de intimidá-lo. Entretanto, segundo afirmou, continuou com a lutar em favor da comunidade. "Ele nunca se intimidou, nem para políticos e nem para os sindicalistas. Não abaixou a cabeça em momento algum. Ele sempre lutou por essas famílias do Jardim Brasil e nunca desistiu de ajudar", completou.

Além de presidir associação de moradores, Manuel ocupou cargo de diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e foi dirigente municipal do Partido Comunista do Brasil (PC do B). O dirigente do partido, Paulo Fonteles, disse que a morte do sindicalista foi encomendada. Ele afirmou que Manuel enfrentou diversas dificuldades e resistências para garantir a permanência das famílias no conjunto. "Houve disputas recentes na área e ele sempre enfrentou as dificuldades. Lutou até o fim para manter essas famílias na ocupação. Esse foi um crime encomendado por causa da liderança dele na área", disse Fonteles.

Corpo foi levado para sepultamento no município de primavera

O sentimento de indignação tomou conta dos moradores e amigos de Manuel. Dezenas de pessoas foram à sede da associação prestar a última homenagem ao líder comunitário.

No final da manhã de ontem, o cortejo fúnebre saiu do conjunto Jardim Brasil, em Ananindeua, e seguiu para o o município de Primavera, localizado próximo ao município de Capanema. O corpo de Manuel foi enterrado no final da tarde no cemitério de Primavera, cidade natal do sindicalista. Manuel deixou sete filhos e a viúva Maria do Rosário Trindade.

O crime foi registrado na Seccional Urbana da Cidade Nova. Policiais civis investigam o caso, já que Manoel tinha um bom relacionamento com a vizinhança do conjunto e desenvolvia trabalhos junto à comunidade. Até o final da manhã de ontem, ninguém havia sido preso.

Fonte: Amazônia Jornal